Orar por ajuda
Nossos melhores esforços, valendo-se de todo o brilhantismo de nossas incríveis mentes-ego, nos colocarão sempre à porta da dualidade. Isto porque o próprio ego é um aspecto fragmentado de nós mesmos. E entregue a si mesmo, não tem profundidade ou recurso original. O ego aprende e cospe de volta o que já absorveu. Ele ajusta um relógio e nos tira da cama pela manhã. Ele nos inscreve para retiros espirituais e nos senta em uma almofada para meditação. Mas isso é o mais longe que o ego vai.
Chegamos a este ponto em nossa jornada evolutiva como resultado direto de escolhas que nós mesmos fizemos há muito, muito tempo atrás com o objetivo de investigar o outro lado da vida: o lado sombrio. Ninguém nos obrigou a fazer isso. Ficamos curiosos e foi assim que acabamos participando daquilo a que o Mundo Espiritual se refere como a Queda. (Veja mais em Ressuscitando o Cristo na Prática do Caminho e em Pedras Finas, o capítulo chamado Expandindo nossa Consciência e Explorando Nosso Fascínio com a Criação.)
O fato é que todos nós iniciamos na Unidade. E então, nos afastamos daquele belo estado para aterrissar num mundo de dor onde a subida de volta para casa é osso. O resultado da Queda é que nosso espírito se fragmentou. Nesta vida, cada vez que experimentávamos uma dor que não podíamos suportar, nos fragmentávamos um pouco mais. Todos nós somos feridas ambulantes, com aspectos internos de nós mesmos separados em diferentes idades de desenvolvimento. Não há uma "criança interior"; somos um bando de crianças interiores banidas que precisam retornar ao abrigo, para que possamos recupera a nossa força de vida dividida.
E agora, aqui estamos nós no planeta Terra, onde temos melhores oportunidades para unir as nossas partes fragmentadas do que teríamos no Mundo Espiritual. Isto é assim porque aqui, ao contrário do Mundo Espiritual, estamos cercados por outros seres que também têm todos os tipos diferentes de fragmentação em curso. E, agindo a partir da negatividade, eles nos confrontarão e nos mostrarão onde temos nosso próprio trabalho a fazer. Esta fricção é o presente que recebemos ao vir aqui; é o espelho que nos permite ver nossas mágoas na alma. No Mundo dos Espíritos, nós andamos em esferas formadas por almas tão semelhantes que nos damos melhor, mas não crescemos tanto. Um bilhete para a Escola da Terra, então, é uma boa para nós, espíritos caídos.
Mas como somos seres despedaçados e fragmentados, precisamos de uma maneira de nos mantermos suficientemente unidos para fazer este trabalho de cura. Introduzindo o ego. O ego também é um fragmento, mas é um fragmento com uma função. Primeiro, ele está encarregado de enfileirar os patos, ou seja, organizar a bagunça. Francamente, uma pessoa cujo ego não está suficientemente desenvolvido para cuidar de suas necessidades pessoais de vida, não está pronta para mergulhar em um caminho rigoroso como este. Embora as pessoas ainda o façam, mas isso não é o ideal.
Uma vez que o ego se fortaleça o suficiente, sua tarefa muda, e agora ele precisa buscar ajuda. Precisa bater à porta do Eu Superior. E quando essa porta se abrir, afaste-se e deixe entrar um pouco de luz nova. Com o tempo, um ego forte dominará a arte de se deixar ir tão completamente que se fundirá mais uma vez com o Eu Superior - que é o destino final de todos os nossos eu fragmentados - e nos permitirá viver a partir desse estado superior de ser.
Como exatamente o ego deve bater à porta? Orando. Orando pelo quê? Simplesmente para saber a verdade sobre o assunto. Ponto final.
A experiência de Jill
Eu estava participando de uma reunião de vendas, tendo recentemente me mudado para uma posição de vendas que envolvia um cliente de alto padrão com uma grande oportunidade de negócios. Eu tinha programado bem o tempo e as vendas foram projetadas para obter um aumento decisivo. Por isso, me sentia bem com meu trabalho. É por isso que eu não podia acreditar quando o gerente do grupo estava ali na frente de todos se derramando em elogios e eu não fui sequer mencionada. Sinceramente, eu fiquei chocada.
E para a minha criança interior, isso também foi devastador. Eu reuni coragem para perguntar a esse gerente depois por que eu não tinha sido incluída. E depois de pegá-lo desprevenido por causa de um descuido tão significativo, ele basicamente me dispensou com uma brincadeira, Ops, desculpe por isso!
De volta ao meu quarto de hotel, eu estava cambaleando. Ainda que fosse verdade que o que acontecera foi doloroso, a coisa tinha passado pra devastadora. Minha reação de dor e indignação foi muito maior do que esta situação justificava; eu estava em lágrimas e me esforçando para entorpecer o que borbulhava e escorria por todo o lado.
O único fragmento de perspectiva que pude reunir foi a consciência de que não devo estar na verdade. Então foi lá que me sentei, por vários longos minutos, apenas respirando e rezando para saber a verdade. E então, isso aconteceu. Algo se deslocou e começou a se abrir, e em uma perspectiva que eu não havia considerado: ele havia cometido um erro. Este gerente, de pé diante de uma sala cheia de pessoas, havia negligenciado algo importante. E quando perguntado sobre isso, ele não tinha meios, naquele momento, de dizer que lamentava. E isso é responsabilidade dele. O que tinha acontecido ali, na verdade, não era sobre mim.
Quanto mais eu chorava e respirava nesta nova visão da realidade, mais eu me abria para ver que isto não era realmente tão doloroso quanto parecia. É claro que doeu, mas, na verdade, tinha arranhado minha antiga, muito antiga ferida de não ter sido vista. E isso era o que realmente doía. Através das verdades da vida, às vezes somos negligenciados. E embora isso não seja bom, não é realmente o fim do mundo. Eu soltei o meu drama e fui dormir.
Na manhã seguinte, no café da manhã, esse gerente se aproximou de mim e disse que sentia muito; foi um descuido do qual lamentou profundamente. Pouco tempo depois, quando a reunião começou, ele ficou na frente do grupo e corrigiu. Fui vista e reconhecida na frente do grupo por minha contribuição. Respiração profunda.
A experiência de Scott
São duas horas da manhã e estou sentado em frente ao terminal de embarque do aeroporto de Jacarta, Indonésia. Tentando esfriar a cabeça, por assim dizer. Estou acordado desde as 5h da manhã do dia anterior, participando de reuniões de negócios o dia todo para ajudar um cliente preocupado. Às 00h, meu táxi se arrastou pelo tráfego impressionante de Jacarta até o aeroporto e, em seguida, passei pela segurança e pela imigração até o portão de embarque para meu vôo da meia-noite de volta aos Estados Unidos. Agora aqui estou eu do lado de fora do aeroporto, tendo acabado de ter o embarque negado devido a algum obscuro acidente com a passagem. Foi horrível ver aquele avião recuar sem mim e ser escoltado para fora do aeroporto até o meio-fio.
O plano B e depois o C caíram. O hotel do aeroporto está cheio, e acabei de ser expulso da poltrona a qual me eu tinha apropriado no quiosque vazio da assistência médica. Ok, vamos encontrar o plano D. Então, estou esperando perto do meio-fio até o meu novo check-in às 4h30 para o próximo vôo. Vai demorar alguns dias para chegar em casa.
Enquanto esperava, comecei a rezar para saber a verdade sobre esta situação. Digo esta oração muitas vezes. E, de fato, há muitas verdades aqui, algumas mais fáceis de sentir do que outras. Uma que tenho trabalhado para enfrentar é uma sensação de ser especial, ou de querer ser visto como especial, porque posso viajar com freqüência. Tem havido um ar sutil de " Caramba, olhe para mim" em relação a como eu falo sobre para onde posso ir. Além disso, eu tenho "status" com minha companhia aérea e espero em filas mais curtas do que a maioria dos viajantes. É realmente sutil, mas também tem sido apontado para mim que isto parece um tanto inadequado. É importante continuar olhando para as coisas sutis. E eu queria saber o que está por trás disto.
Os sentimentos e pensamentos que surgiram quando meu embarque foi negado foram um evento em cascata. Primeiro, indignação ("Mas eu tenho status!”). Então implorando ansiosamente (“Deus, por favor, entre e conserte isso. Você entendeu, certo?”). Seguido de preocupação (“Fui abandonado, de novo.”). E irritação (“Pessoal inepto das companhias aéreas!”). Por fim, gratidão (“Muitas pessoas trabalharam bastante para me ajudar.”). Também querendo se sentir especial (“Oba, tenho outra história de viagem para contar.”). E, por fim, curiosidade (“O que essa experiência tem a me ensinar?”)
Felizmente, não impus muito meus sentimentos aos outros seres humanos. Meu eu mais profundo estava lá o tempo todo, relaxe. Nadapode abalar seu mundo. É assim que o trabalho se parece neste estágio: parte de mim está centrada, sabe que está tudo bem e está simplesmente observando o que está acontecendo por dentro. Ainda assim, algumas partes de mim não estão tão conectadas e experimentam emoções aflorando. Dessa forma, minha resposta externaaos agentes do portão não foi completamenterelax, mas foi respeitosa e não tornou isso penoso para aqueles ao meu redor.
Enquanto oro pela verdade, vejo a proximidade da consciência da criança com sentimentos de súplica e abandono ao lado dos sentimentos de indignidade e de ser especial. O que parece verdadeiro é que um menino de sete anos dentro de mim queria se sentir visto e amado e, quando isso não aconteceu da maneira que ele queria, ele infantilmente se agarrou ao desejo de ser visto como especial. E quando o sentimento especial não aconteceu, as velhas histórias surgiram. E então as histórias foram encobertas por sentimentos como irritação e desânimo.
A criança dentro de mim não poderia ter as coisas do jeito que queria, e meu trabalho agora é ajudá-la a crescer. Quando esta criança é ativada, eu literalmente paro, me conecto com essa parte em mim e a abraço. Esse é o meu trabalho como adulto, porque ninguém mais fazer isso por mim.
Este exercício de amparo me mostra que estou bem, e tudo está bem. Ainda tenho que esperar no aeroporto, é claro, mas neste momento me sinto vivo no fluxo da vida. E me sinto profundamente conectado por dentro, mesmo quando guardo a experiência de uma parte minha que se sentia desconectada há poucos instantes. Acho que é sobre isso que se trata de fazer o trabalho. Movendo-me através do mundano da vida enquanto testemunho o que está acontecendo por dentro, ganhando uma consciência mais genuína disso, e depois sustentando "o que é" a partir do lugar interior de um eu enraizado.
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