É hora de uma pausa
Se tem uma coisa difícil em viver neste mundo dualista, é o fato de oscilar de um lado errôneo de alguma coisa para o outro lado errado. Tantas vezes, nós nos atiramos de um lado de um pêndulo, onde inadvertidamente estamos vivendo em distorção, para o extremo oposto, onde tudo o que encontramos, infelizmente, é o outro lado de nossa distorção.
Mas esse é o movimento que normalmente se segue - e em muitos casos, até mesmo necessário - para eventualmente nos levarmos ao centro, onde a realidade acontece. É aí que aprendemos a deixar de lado as arestas e a negociar o caminho do meio.
Um exemplo disso reside em nossa maneira de viver de acordo com o que os outros pensam. Em um pólo, podemos enfrentar a sociedade e assumir nosso espírito rebelde: o que eles quiserem, nós queremos o oposto. Esperamos que nosso comportamento crie um tumulto e, muito provavelmente, é o que acontece. Surpreendentemente, isto nos deixa felizes.
Inverta isto e nos transformamos em conformistas, alinhando-nos com o que se espera e, portanto, esperando aprovação. Quando as águas permanecem calmas, nos sentimos satisfeitos. Sem se importar com o que queremos: se eles estão felizes, nós estamos felizes.
Em ambos os casos, estamos em dívida com “o outro”. Como tal, perdemos nosso caminho. Nenhuma das estratégias é gratuita e ninguém que adote qualquer um dos métodos está realmente satisfeito. Mesmo que nossas atitudes e ações estejam de acordo com nosso eu interior, quando agimos a partir de uma posição de rebelião ou conformação, não estamos vivendo a partir do nosso verdadeiro eu, com verdadeira autonomia.
Como o Guia aponta na palestra sobre a importância de formar opiniões independentes, estamos mais bem servidos mantendo uma opinião errada a que chegamos honestamente através de nossa própria busca e exploração do que mantendo uma opinião que se alinha mais com a verdade, mas que tomamos emprestada de algum outro lugar. Em resumo, temos que escutar o ritmo de nosso próprio baterista até reconhecermos sua cadência como sendo a nossa. (Veja mais sobre a formação de opiniões independentes em A Descoberta do Ouro, Capítulo 3: A importância de formar opiniões independentes.)
Eventualmente, nossa incapacidade de navegar para sair de nossas ilusões vai nos levar a um ponto de ruptura. Alguma coisa precisa ceder, que é a ilusão da dualidade e a noção de que podemos seguir este caminho para sempre—afastando-nos de uma solução errada e aterrissando em outra—e finalmente acertar. Ficar perdido na dualidade, sem uma orientação de vida para a verdade maior, é afinal uma premissa de perde-perde. E isso nos leva à beleza de uma crise. Porque uma crise nos colocará de joelhos e nos fará seguir uma direção diferente.
Até agora, mencionamos várias das leis de Deus que estão em vigor para nos ajudar a permanecer fiéis. Quando divergimos delas—e temos o direito de fazê-lo—passaremos por situações dolorosas e crises. Temos então a oportunidade de corrigir nosso rumo (ou não) para retornarmos aonde queremos estar.
Pois as leis de Deus foram cuidadosamente elaboradas para assegurar que quanto mais nos afastamos delas, maior a dor que experimentamos e, portanto, maior o incentivo que temos para corrigir o curso. Por definição, isso garante que, no final, escolheremos fazer o nosso caminho de volta para onde poderíamos estar o tempo todo se tivéssemos permanecido alinhados com a vontade de Deus. Pois a vontade de Deus e nosso melhor cenário são a mesma coisa.
Este é um processo totalmente impessoal. Não existe um velhinho de barba branca no céu escolhendo raivosamente a punição por nossas transgressões morais. Nós, humanos, fomos dotados de livre arbítrio, o que significa que somos livres para seguir as leis de Deus ou não. Se sentirmos o aperto causado pelas consequências de sair do curso, isso é responsabilidade nossa. (Veja mais sobre o livre arbítrio em Ressuscitando o Cristo na Prática do Caminho.)
A experiência de Jill
Aprendi a costurar quando era jovem e, no colegial, já fazia a maioria de minhas próprias roupas. Eu gostava da criatividade, mas não do fato de que muitas vezes as coisas não se encaixavam bem. Afinal, aprender a costurar e ser costureira não é a mesma coisa. Além disso, a qualidade dos tecidos que eu comprava não era grande coisa. Eu estava usando minhas poucas receitas do meu trabalho numa oficina mecânica, então eu era sovina. Quanto mais barato eu conseguisse fazer algo, melhor me parecia.
Indiscutivelmente, a palavra preferida para usar aqui seria frugal, mas eu não tinha evoluído para esse nível ainda. Quando saí da faculdade, tinha o hábito de comprar o que era barato, e não é por acaso que também tinha tão pouco senso de mim mesma.
No início da sobriedade, ouvi referências a ter baixa autoestima e pensei: “Você está brincando? eu não tenho auto estima." Na verdade, eu não tinha noção de quem eu era. O caminho da recuperação, junto com meu desdobramento do caminho espiritual seguindo os ensinamentos do Guia, tem me ajudado a preencher as lacunas de saber do que gosto e de que mereço ter coisas boas.
Como se pode imaginar, é fácil passar de uma tal consciência de abertura para o outro lado do pêndulo, onde a pessoa esbanja com presentes, para mostrar, você sabe, o quanto nos valorizamos. O que, é claro, não é melhor do que ser sovina.
No decorrer dessas coisas, minha jornada para encontrar meu próprio valor - enquanto também aprendo a avaliar o valor das coisas materiais que compro - não tem sido uma linha reta. Gastei muito com algumas coisas e economizei profundamente em outras. Como se costuma dizer, a vida é um processo, não um produto.
Uma área que aprendi a ser cautelosa é em torno da palavra "Vende-se!" Percebi que aceitaria muito menos do que queria se o preço fosse justo. Como resultado, fiquei com roupas, móveis ou outros utensílios domésticos de que não gostei muito, bem depois de ter esquecido o quanto tinha pago por eles.
O que não significa que eu tenha que pagar um valor muito alto para que tudo seja satisfatório. Eu sou frugal por natureza, e muitas vezes encontro itens que valorizo com algum desconto. Mas, às vezes, também pago o preço mais caro por algo que realmente me atraia.
A autorresponsabilidade é uma peça deste quebra-cabeças. Tive muitos períodos nesta vida com finanças apertadas, e também me senti bastante confortável às vezes. Tenho mantido um orçamento cuidadoso há mais de quinze anos e sei para onde vai cada dólar. E eu pago todas as minhas contas. Ao mesmo tempo, não deixo que isso governe minha capacidade de apreciar as graciosidades na vida que advêm de gastar meu dinheiro fazendo algo que eu goste.
O dinheiro é um desafio para muitas, muitas pessoas neste plano dualista. É uma crise perpétua para uns e uma recompensa para outros. Seja qual for o lugar que ocupamos neste leque de variações, o dinheiro é digno de nossa consideração. O que também devemos considerar é como associá-lo ao nosso senso interno de autoestima.
Em meus períodos mais bem ajustados, sou responsável, por um lado, ao mesmo tempo em que deixo fluir conforme a necessidade, por outro. Esta é uma dança contínua, e não uma em que eu seja perfeita. Mas descobri algo importante ao longo do caminho: quanto mais confio que terei o suficiente, mais isso se torna verdade. Quanto mais eu estiver disposta a cuidar do meu jardim financeiro, mais frutos ele dará. Quanto mais livremente eu mantenho as rédeas, melhor eu desfruto do passeio.
A experiência de Scott
O problema com a crise é que quase sempre se acumula ao longo de um longo período de tempo. Coisas que você não aborda, ou talvez nem mesmo esteja percebendo conscientemente, aumentam até que—uau!—o seu mundo muda. Um terremoto pode causar grande aflição em um instante, mas a tensão que é liberada de uma só vez acumulou-se durante um longo período de tempo.
Tive esse tipo de crise de terremoto em um relacionamento com um membro da família que chamarei de Chris. Eis o padrão:
Eu me comportava de uma maneira que me parecia correta. Chris faria o mesmo, seguindo os seus próprios valores. Chris achava meu comportamento inadequado e tentava me fazer mudar. Eu não gostei disso. Então, basicamente, eu me afastei e ignorei Chris.
Chris não gostou da minha resposta. Chris sentiu que eu deveria obedecer e pressionou com mais força; Eu não gostei disso. Eu me senti violado. Então continuei a me comportar de acordo com a forma como via o mundo, além de desviar a agressão de Chris e me afastar um pouco mais do que antes.
Isso continuou e continuou, girando e girando.
Nunca conversamos sobre o que realmente estava acontecendo. Não concordávamos sobre nada. Havia uma fina camada de civilidade sobre tudo isso, então na superfície parecia que as coisas estavam bem, mas por baixo esse drama agitava-se.
Eventualmente, a amplitude das respostas começou a aumentar e abruptamente rompeu totalmente o verniz.
Ultimatos foram emitidos para mim. Eu mantive minha posição. O chão começou a tremer. Então aconteceu um grande rasgo no tecido da minha vida. Foi chocante para mim que algumas idas e vindas pudessem causar tal crise em nosso relacionamento. Eu não vi isso chegando. Mas, em retrospectiva, isso vinha crescendo há décadas.
Orei muito para entender o que aconteceu. Por fim, tive uma visão de dois vórtices interagindo. Um vórtice giraria e colidiria com o outro, girando o segundo com um pouco mais de força. Então, o segundo vórtice voltaria e colidiria com o primeiro, girando o primeiro um pouco mais forte.
A única coisa sobre a qual eu tinha total clareza é que éramos ambos igualmente responsáveis.
Tentei compartilhar isso com Chris, mas de acordo com Chris, eu era inteiramente responsável pelo terremoto. Eu era, portanto, responsável por consertar as coisas. Mas para fazer isso, precisávamos curar o padrão. Nunca passamos desse ponto; nunca foi curado.
A saída para mim era querer ver a verdade mais do que querer estar certo. Honestamente, depois que vi o padrão, isso tornou as coisas um pouco mais fáceis, mas não mudou muito as coisas. Nos raros momentos de uma nova interação, eu ainda teria meus botões pressionados por Chris e eu reagiria de um lugar inconsciente ferido em mim.
Levei anos e anos “fazendo o trabalho” para que eu chegasse ao nível de ver e liberar esses nós em minha psique. E ainda não terminei. A experiência foi extremamente dolorosa para mim, mas também uma grande professora. Agora, sempre que experimento interações difíceis, imediatamente começo a orar para ver os padrões por trás delas. Eles estão sempre lá, e eu sei que tenho uma parte a desempenhar e algo a curar.
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