Para alcançar a autorrealização, precisamos estar em harmonia conosco e com a vida. Para isso, existem três coisas que formam uma base para se alcançar esse equilíbrio:

1) Ter um conceito positivo da vida que te leve a perceber o universo como algo seguro.

2) Ser livre e destemido para amar.

3) Manter um equilíbrio saudável entre as forças da atividade e da passividade.

Agora, vamos entrelaçar esses três aspectos para perceber como eles criam um todo abrangente. Pois todos eles dependem do despertar do nosso eu mais íntimo e da ativação do núcleo que podemos chamar de Eu Real. Sem isso, é o nosso ego comandando o show. E enquanto nosso ego for nosso único motivador na vida, será impossível ter confiança no fato de que a vida é segura. Será impossível não ter medo de amar. E também encontrar aquele delicado equilíbrio entre ser ativo e ser passivo. Vamos olhar para isso mais de perto.

Assim que tivermos uma lista de nossas falhas, o segundo passo é entender por que existem. Por que nos agarramos a eles?
Assim que tivermos uma lista de nossas falhas, o segundo passo é entender por que existem. Por que nos agarramos a eles?

Ter um conceito de vida saudável é ter um conceito verdadeiro de vida, ou seja, que a vida é totalmente benigna e segura. Quando nos desviamos do conhecimento desta verdade, experimentamos a vida como hostil e sentimos a necessidade de nos defendermos dela. Em nosso caminho espiritual, à medida que vasculhamos as camadas de nossa psique num esforço para desvendar qualquer desarmonia, sempre descobrimos que estamos assentados sobre um conceito negativo da vida, o que não é benigno porque interage diretamente com nossas falhas.

E essa interação é uma via de mão dupla. Primeiro, porque somos movidos pelas forças destrutivas derivadas do nosso conceito negativo. Isso expande nossas crenças negativas, mesmo que mal tenhamos consciência delas. Em segundo lugar, nossas crenças negativas nos levam a assumir uma postura defensiva em relação à vida, e isso perpetua nossa destrutividade.

Examinando nossas falhas, podemos começar a desfazer tudo isso. O primeiro passo será tomar consciência de nossas falhas. Embora não seja fácil, não é tão difícil se abordarmos a tarefa da maneira certa. Assim que tivermos uma lista de nossas falhas, o segundo passo é entender porque elas existem. Por que nos agarramos a elas? Se olharmos de perto, veremos que nossos defeitos têm como objetivo evitar algo ruim que temíamos que nos acontecesse. Portanto, elas se assentam numa suposição negativa que consideramos natural.

Tendo detectado isso, estamos prontos para a terceira etapa. Precisamos questionar essa suposição. É verdade? O que aconteceria sem essa falha? É possível que essa suposição esteja errada? E como essa falha está afetando os outros? Pois, quer nossos defeitos sejam encenados ou apenas pensados e sentidos, eles têm um efeito.

Nosso objetivo é expandir a nossa visão das coisas e ver o significado maior da falha com a qual estamos lidando. Pois, para querermos nos livrar realmente de uma falha, temos que compreender como isso afeta os outros e considerarmos se ela está realmente cumprindo com o seu papel. Quando não temos mais certeza de que um defeito está realmente funcionando para nos proteger, e quando somos capazes de ver que possivelmente estamos sendo prejudicados por isso, e quando vemos que nossa culpa está prejudicando os outros, então, e somente então, desejaremos colocar nossa energia em algo mais positivo. Estaremos prontos para substituir nossa velha falha habitual por uma atitude nova e construtiva.

Se quisermos transformar nossas vidas para melhor, este é o caminho que devemos seguir. Quase nunca podemos chegar lá de outra maneira. Simplesmente não é possível transformar algo que não conhecemos. E é impossível transformar alguma atitude a que nos apegamos se não soubermos porque a mantemos. Temos que entender e ver como isso afeta as pessoas. Não podemos ignorar essas coisas ou esperar que algum vago reconhecimento seja suficiente. A transformação não pode acontecer diante de tal ignorância.

Sabe o que mais vamos precisar? Do nosso Eu Real; que poderemos contatar e ativar a partir dos nossos egos. Sem esta união, não teremos fôlego para irmos muito longe. Este é o circuito que requer conexão para nos dar a luz de que precisamos para ver o que está oculto no escuro.

Cegado pelo medo: Insights do Guia Pathwork® sobre como enfrentar nossos medos

Amor livre e destemido

Agora vamos ver como não ter medo é uma pré-condição para amar. Se já estamos no caminho espiritual há algum tempo, provavelmente já vimos como o medo de amar está na base da maioria de nossas dificuldades humanas. Isso pode assumir diferentes formas em diferentes conflitos ou com diferentes pessoas, pois o medo de amar pode aparecer de diferentes formas.

O mundo inteiro tem percebido como o amor é importante. Qualquer ensinamento verdadeiro nos dirá que amor significa liberdade, paz e vida. A falta de amor, então, é igual a conflito, escravidão e morte. Estar sem amor é estar inquieto, ansioso e infeliz. Nesse quesito, todos dividem o mesmo barco, incluindo psicólogos e psiquiatras.

E ainda assim, as pessoas costumam achar muito difícil se entregar sem medo a esta corrente eterna que flui de dentro. Por quê? Afinal, nosso estado natural de existência é ser amoroso. Ainda assim, conseguimos encobrir isso e distorcer o amor em formas não-naturais. Essas voltas e mais voltas nos mantêm alienados de nosso próprio centro, onde o amor é uma corrente natural que flui com facilidade e sem esforço. O amor é um fenômeno natural que vem pré-instalado em todo ser humano. Nós impedimos o amor apenas porque o tememos.

Infelizmente, muitas vezes acreditamos que é preciso ser capaz de definir o amor para tê-lo. Portanto, procuramos essas definições com nossas mentes, supondo que, se comprendermos o amor intelectualmente, ele pode chegar até nós. O erro está em acreditar que o amor vem de fora. Na realidade, o amor existe em sua forma perfeita, bem no nosso âmago.

Mas se realmente insistirmos que precisamos de uma definição de amor, seria esta: Amor é tudo o que promove a unidade, a inclusão e a expansão; amor é tudo o que permite que a segurança do universo se desenvolva. Qualquer coisa que ignore a natureza bela e benigna da vida vai na direção da exclusão e da separação, e isso seria a definição oposta do amor.

O oposto do amor também pode ser chamado de oposto da vida ou não-vida. Em outras palavras, o oposto do amor é algum grau de morte. Pois assim como existem muitos graus de vida, existem muitos graus de morte. E, no entanto, aqui estamos, temendo o amor, o que significa que tememos a vida, a paz e a liberdade que só o amor pode trazer. Enquanto isso, nos apegamos às forças separatistas de não sermos amorosos, como se, de alguma forma, isso fosse nos proteger.

Portanto, não vamos nos iludir achando que amamos, quando há lugares onde nos recusamos a estender a mão e nos conectar. Em qualquer lugar que tenhamos problemas, seja dentro ou fora, existe o desamor. Com certeza, Isso não é a nossa totalidade mas, com certeza, é uma parte de cada um, em todos nós. É fundamental que tenhamos consciência de onde nos recusamos a amar para que possamos comparar com as áreas onde não temos muita dificuldade em amar.

Se nos sentimos determinados a não amar, essa resistência sempre vem acompanhada—causada, na verdade—pelo medo de amar. É crucial que comecemos a fazer essa conexão. Importante que não se pule ou negligencie isso durante o autoconfronto: “Aqui é onde eu não amo, e a razão pela qual eu não quero amar é porque tenho medo de amar”.

Neste ponto, ainda não sabemos o porquê. Podemos chegar a algumas teorias clichês ou respostas simplistas do tipo: “Se eu amar, ficarei mais vulnerável a ser ferido”. Mas isso é realmente convincente? Pense nisso. Vamos reconhecer que isso não é realmente verdade.

Talvez possamos começar a ver que gostamos de ser vingativos. No fundo, temos uma sensação boa ao atacar os outros. Provavelmente, isso está mais perto do ponto que precisamos encontrar. É muito importante descobrir esses sentimentos, aceitá-los e tentar compreendê-los. Mas essa ainda não é toda a história. E não seremos capazes de resolver isso completamente até que abordemos o terceiro tópico.

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O ego tem outras funções, como discernir e agir. Mas, infelizmente, não possui a faculdade do amor.
O ego tem outras funções, como discernir e agir. Mas, infelizmente, não possui a faculdade do amor.

Amor e o ego

Mas antes de saltarmos pra lá, vamos voltar um pouquinho num ponto importante: é impossível transformar o medo de amar do nosso ego, assim como é impossível transformar uma atitude ou conceito negativo em positivo usando exclusivamente o ego. Simplesmente, não é assim que as coisas acontecem. Isso ocorre porque o amor não habita no ego, mas no Eu Real. O ego tem outras funções, como discernir e agir, mas, infelizmente, não possui a capacidade de amar.

O amor é um sentimento que surge totalmente do eu interior. É por isso que não podemos entender o amor intelectualmente, como muitos tentam. Não podemos conceituar o amor porque ele não é um conceito da mente do ego. É um sentimento que devemos permitir. E para nos darmos permissão total para amar, devemos consumar nosso eu interior e ter um conceito positivo da vida.

Bem, se fosse verdade que a vida é hostil e tem a intenção de nos privar, então seria realmente perigoso amar. Mas se a vida é segura, graciosa e generosa—se a vida é por nós e não contra nós—então, não só é seguro amar, mas amar é a única maneira possível de estar em paz e viver em harmonia com o mundo.

Portanto, é fundamental que consigamos fazer a conexão entre o nosso medo de amar e o conceito negativo da vida. O que significa que podemos nos livrar do medo de amar se adotarmos um conceito positivo da vida. Mesmo que estejamos em total harmonia em certas áreas de nossas vidas, amando e confiando na vida, precisamos estar dispostos a comparar isso com as áreas em que nossas experiências de vida não são felizes. Descobriremos que o oposto exato é verdadeiro.

Se testarmos cada parte de nossas vidas, nos convenceremos da importância de ter um conceito positivo da vida. Então, poderemos abandonar nosso ódio e medo, nossa separação e reclusão. Precisamos nos dar a chance de testar se é verdade que a vida é segura nos abrindo, pelo menos um pouco.

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Por que vemos a atividade como uma faceta indesejável? Porque requer senso de responsabilidade.
Por que vemos a atividade como uma faceta indesejável? Porque requer senso de responsabilidade.

Forças ativas e passivas

Agora, vamos nos voltar para o terceiro membro dessa tríade: o equilíbrio saudável entre ser ativo e passivo. Talvez tenhamos notado em nós mesmos uma aversão estranha e difícil de explicar por ser ativo e um desejo igualmente estranho de ser passivo. Isso aparece mais fortemente em algumas pessoas do que em outras, mas em qualquer extensão em que isso se manifeste, é necessário que comprendamos o que está em jogo.

Se desejamos a passividade, isso significa que sentimos que ser passivos é melhor. Parece prometer uma tranquilidade que muitos confundem, inconscientemente, com o estado de ser. O estado de atividade, então, é visto como uma tarefa árdua, algo que percebemos como dificuldade e tememos não conseguir cumprir e, portanto, gostaríamos de evitar. Porque isto é assim?

Primeiro, precisamos entender que essa ideia distorcida vem da dualidade. O erro está em pegar um fragmento da unidade e separá-lo do seu fragmento complementar. Desse ponto de vista, a atividade é considerada o oposto da passividade. Na realidade, nos estados mais elevados de consciência, esses dois se mesclam de modo que o estado saudável de atividade também é, ao mesmo tempo, passivo e vice-versa. No nível da dualidade, isso soa como uma contradição.

Podemos comprovar a verdade sobre esse tema em nossa vida cotidiana, vendo como as atividades saudáveis são fáceis e sem esforço. Realizar atividades com uma abordagem relaxada parece passivo, certo? Nesse tipo de relaxamento saudável, nos movemos sem forçar, para que nossa ação tenha um ritmo tranquilo. Se fragmentássemos esse ritmo de paz e o experimentássemos como uma partícula, poderia parecer passividade.

Vamos examinar esse conceito por outro ângulo. Quando entramos num ritmo sereno, não estamos inertes. Nesse estado de ser—quando estamos numa passividade saudável—a ação do movimento flui no ritmo do universo. Ele opera com o mesmo movimento integral da paz.

Para que um processo criativo aconteça, deve haver sempre um equilíbrio entre os princípios de atividade e passividade. Dito de outra forma, sem a harmonia dessas duas forças se complementando, o processo criativo é impensável. Isso se aplica a todas as atividades saudáveis neste planeta, sem exceção. Mesmo o equilíbrio entre trabalho e lazer é regulado por este princípio.

O trabalho, numa pessoa saudável, flui sem esforço, enquanto o lazer não pode ser revitalizante se for estático e parado. Se estivermos totalmente inertes, estaremos mortos e isso não é nada animador. Somente a vida nos revigora, e a vida deve se movimentar.

Na distorção da dualidade, vemos a atividade como movimento e a passividade como inércia. Acreditamos que a atividade nos exige esforço, enquanto que a passividade promete aliviar o esforço. Em outras palavras, vemos tudo como sendo basicamente bom ou ruim. Portanto, se um lado parece desejável, logo, o outro deverá ser indesejável.

Por que vemos a atividade como uma faceta indesejável? Porque requer senso de responsabilidade. Pede-nos que cresçamos para lidar com as dificuldades da vida, para que as limitações da vida desapareçam gradualmente. Portanto, se estivermos totalmente identificados com nosso ego, a ação parecerá assustadora. Pois o ego não foi projetado para agir sem ser guiado pelo Eu Real. Ele simplesmente não vem pré-configurado com as propriedades certas para isso.

Portanto, sempre que não estivermos em contato com nosso Eu Real, vamos temer todas as demandas que ser ativo impõe a uma pessoa. E todo o esforço do mundo não vai preencher este espaço. Assim, ser passivo parece terrivelmente tentador já que, por sua natureza, não vai ser exigente. A passividade vem sem quaisquer obrigações ou expectativas assustadoras.

E quando nos identificamos exclusivamente com nossos egos e negligenciamos a presença de nosso lado ativo—o que é uma parte natural de quem somos—a passividade vai parecer igualmente assustadora. Pois, na distorção, ser passivo é semelhante a ser desamparado. De certa forma, isto faz sentido. Porque se não agirmos de forma intencional—se estivermos rejeitando e evitando atividades por medo—não estamos vivendo em alinhamento com as leis universais dentro de nós que sempre estão a serviço do nosso bem estar. Como resultado disto, estamos à mercê de circunstâncias externas a nós mesmos, que estão além de nosso controle.

Conseqüentemente, num nível evitamos a atividade, com medo de não sermos capazes de realizar qualquer ação necessária, enquanto que noutro nível, temos medo de parar e descansar. O problema é que, quando o nosso ego não consegue distinguir entre passividade saudável e estagnação, ele tende a se exceder. Então, nos tornamos hiperativos e cada vez mais alienados do nosso Eu Real.

Portanto, há uma correlação direta entre ter um conceito negativo de vida—o que implica que não estamos em contato próximo com nosso eu mais íntimo—e estar fora de equilíbrio em nossa atividade e passividade. As duas coisas, na verdade, são idênticas. Se vivermos com medo de nosso eu mais íntimo, por que iríamos desejar entrar em contato com ele? Parece, então, que nossa única solução é concentrar toda a nossa energia em nosso ego externo. E isso, com certeza, nos desconecta ainda mais de nosso Eu Real e dos poderes vivificantes que fluem do seu interior.

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Soluções falsas

A partir deste ponto, começamos a forçar um estado de amor. Não apenas porque aprendemos que é isso que a sociedade espera de nós mas, também, porque desejamos obedecer à nossa consciência mais íntima—nossa voz interior—que nunca foi completamente apagada. Além disso, ansiamos pelo fato de que isso nos traga amor, carinho, aprovação, respeito e aceitação que desejamos, sem os quais não podemos viver.

Assim sendo, nos forçamos a amar a partir do nosso ego—o que nunca vai funcionar. O ego simplesmente não possui a capacidade de amar. Por isso, estamos condenados ao fracasso. Mas, se por acaso, tivermos algumas correntes de amor genuínas fluindo de nós, elas surgiram do nosso ser mais íntimo. Portanto, ao reconhecermos que tal lugar existe em nós, perceberemos que essas correntes adentram nossa personalidade pela porta dos fundos, por assim dizer.

Se tivermos a porta dos fundos bem fechada e trancada, será impossível que o amor se esgueire por uma fresta. Seremos isolados da corrente da vida e do amor, e isso se manifestará em nossos sentimentos como vazio e desamparo, desespero e isolamento. Naturalmente, estes sentimentos não são muito benéficos e, por isso, tentamos arduamente superá-los amando a partir do nosso ego. Mas isso é totalmente desgastante, e quanto mais exaustos nos tornamos, mais nos afastamos da atividade, o que só acrescenta tensão ao nosso ego já esgotado.

Este parece ser um bom momento para fugir, por isso, escapamos para o alívio da passividade. Assim, ser passivo parece incrivelmente conveniente. Mas este tipo de passividade nunca é gratificante. Ela nos deixa ainda mais vazios, cada vez mais insatisfeitos, e mais assustados, pois este é o caminho de todas as falsas soluções. Quanto mais nos afastamos, mais apáticos nos tornamos, pois naturalmente, neste ponto, a passividade saudável escorregou para a distorção da apatia.

E é assim que nos encontramos vivendo no poço da vida, sem nenhum estímulo para o movimento revigorante. E este estado de inércia está repleto de um terror maior do que qualquer dor ou infelicidade.   

Talvez, agora, estejamos prontos para ver que realmente precisamos entrar em contato com nosso Eu Real. Precisamos permitir que ele aja, não importa o quanto nos sintamos resistentes ou assustados. Podemos duvidar que isso funcione, mas e quanto à outra opção? A idéia central aqui é trabalhar para consolidar todas as nossas dificuldades num simples movimento interior. Caso contrário, sem nosso Real Eu, não será possível encontrar abundância e viver nas inúmeras possibilidades de expansão da vida.

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Iniciar

Se não ativarmos o Eu Real, o amor não poderá surgir em nós. Isto nos faz sentir isolados e desconfiados, mas nossa consciência não vai nos deixar pousar neste ponto. Mesmo que grande parte de nossa personalidade esteja aberta e amorosa, se ainda houver uma manchinha de falta de amor, nossa consciência não vai permitir que isso fique assim. Isto pode tomar qualquer uma das mais variadas formas, o que nos fará perder a capacidade de viver o melhor de nossas vidas.

Mas quando estivermos prontos para estabelecer contato com nossa verdadeira base de origem, nossas ações tornam-se serenas e nossa passividade torna-se revigorante. Com o verdadeiro Eu no comando, a atividade e a passividade estarão em harmonia. Nossas reações serão flexíveis e relevantes e nossas ações serão agradáveis em si mesmas. Nossa passividade não conterá nenhuma ameaça de desamparo. Seremos capazes de confiar na vida e em nós mesmos. Tudo isto depende da ativação intencional do nosso Eu Real, o nosso ser mais íntimo.

Talvez você ouça uma voz interior que diga: “Ah ta, se ao menos eu pudesse fazer isso. Que pena que eu não seja capaz de entrar em contato com meu Eu Real”. Se essa for a nossa atitude, é provável que estejamos esperando que um milagre aconteça para que, de repente, queiramos fazer a coisa certa. Estamos esperando como se algo diferente de nós interviesse e nos inspirasse a agir. Se este for o caso, pode ser que esperemos para sempre.

Considere a possibilidade de que exista um núcleo de poder e inteligência em seu interior que não é preciso temer. Pense em dar-lhe uma chance. Podemos nos comprometer com esta possibilidade, mesmo que neste momento seja apenas uma possibilidade. O que temos a perder? E de que outra forma isso poderia ganhar vida?

Porque isso não surgirá com base na teoria ou porque algo acontecerá vindo de fora. Somos nós que devemos fazer isso acontecer. Se começarmos, mesmo que seja de maneira breve e insegura no início, nosso Eu Real gradualmente nos revelará sua realidade. Nossa ação é nos comprometermos em ir ao seu encontro.

Cegado pelo medo: Insights do Guia Pathwork® sobre como enfrentar nossos medos
Temos medo de desmontar nosso Eu-Máscara porque pensamos que nossa destrutividade é, em última análise, quem realmente somos.
Temos medo de desmontar nosso Eu-Máscara porque pensamos que nossa destrutividade é, em última análise, quem realmente somos.

Encontrando o Eu Real

Então, onde se localiza exatamente este centro vital que estamos nos comprometendo a encontrar? Ele está localizado em nossos corpos sutis, ou em nossos órgãos físicos, ou onde? Na verdade, está em todos esses lugares. Pois é a própria vida, transcendendo tudo e adentrando onde quer que haja uma abertura. Por causa da sua própria natureza, o Eu real não pode estar mais num lugar e menos em outro. Não é um ponto fixo.

Dito isso, olhando através de nossas lentes ilusórias de tempo, espaço e movimento, o centro vital parece estar localizado bem no fundo do nosso plexo solar, onde sentimos que está a boca do estômago. Isso não é completamente uma ilusão, visto que é aqui que mais o percebemos. Isso porque é aqui que somos mais receptivos e abertos e também mais vulneráveis.

Quando nossa perspectiva é doentia—em outras palavras, quando temos uma atitude destrutiva—o Eu Real é bloqueado. Portanto, suas emanações não podem penetrar em certas áreas de nossa psique. Quando for esse o caso, nosso Eu Real não aparece em nossa personalidade externa, mas permanece escondido nas profundezas de nossa alma. É por isso que nossa primeira tarefa é desmontar nosso Eu-Máscara, penetrando além dele para que possamos ver as atitudes destrutivas que estamos escondendo.

Quando nossa perspectiva é doentia - em outras palavras, quando temos uma atitude destrutiva - o Eu Real é bloqueado. Portanto, suas emanações não podem penetrar em certas áreas de nossa psique. Quando for esse o caso, nosso Eu Real não aparece em nossa personalidade externa, mas permanece escondido nas profundezas de nossa alma. É por isso que nossa primeira tarefa é desmontar nosso Eu-Máscara, penetrando além dele para que possamos ver as atitudes destrutivas que estamos escondendo.

Temos medo de fazer isso porque pensamos que nossa destrutividade é, em última análise, quem realmente somos. Achamos que nossa bondade só existe em nossa fachada externa. Somente depois de vencermos esta primeira batalha, nossas correntes destrutivas podem ser liberadas adequadamente para que possam se reconverter à sua forma original. Então, nosso Eu Real, até então escondido, pode começar a se manifestar.

Esta é a única maneira do Eu Real se manifestar em nossa consciência e em nossa realidade. Uma vez liberado—assim que pararmos de bloqueá-lo—ele pode ressurgir em todos os níveis de nossa personalidade e curar nossas distorções. Esta é a maneira de se tornar uma pessoa totalmente autorrealizada que está viva em todos os níveis, tanto físico quanto mental e emocional.  

Este estado de ativação e vivificação não acontecerá da noite para o dia. Não podemos nos esquecer há quanto tempo vivemos com nossos medos—não apenas nesta vida. Nós nos condicionamos a padrões de reação que não podem ser interrompidos repentinamente. Isso é mais profundo do que sabemos. Essas primeiras percepções de consciência são um passo maravilhoso e chegarmos até aqui já é uma tremenda vitória em nossa caminhada espiritual.

Mas precisamos perceber como o medo está profundamente enraizado e cientes de todas as razões específicas para cada um dos nossos medos. É indispensável que se deseje compreender o que já sabemos num nível mais profundo. Então, pouco a pouco, o muro espesso de névoa se dissolverá. Todos os labirintos confusos que ocultam o Eu Real— com seus sentimentos intensos e belos—virão abaixo. Nossos insights preliminares continuarão a se desenvolver quando observarmos nossas reações e expressarmos o desejo de sentir amor em todo o nosso ser, incluindo o nosso corpo físico.

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Evoluindo

Amar é viver. É ter uma atitude de abertura e inclusão e caminhar em direção ao outro. Quando não existe tal movimento, então, não é amor. Isso não é viver, e portanto, é a morte. Quando tememos que a vida seja perigosa e hostil, nós nos defendemos contra ela. Isso é um erro em nossa compreensão da vida, e a dualidade é o resultado de conceitos errôneos. A morte, portanto, incluindo a morte física é, precisamente, o resultado da dualidade.

Se estamos aqui, vivendo na dualidade, devemos estar errados em algum lugar. E erro equivale a não amor, que se opõe diretamente à vida como ela realmente é. E como é a vida realmente? É potencial, esperando e pronto para se desdobrar sempre que for permitido, onde quer que existam conceitos verdadeiros e apropriados, de modo que nada esteja bloqueando seu caminho. Esta vida que vivemos é um continuum que flui em um processo em constante movimento. Somos capazes de sentir isso apenas quando nossa psique pessoal está seguindo seu próprio movimento vital. Esta fórmula é tão confiável quanto qualquer equação matemática.

Então, se alcançarmos nosso Eu Real e formos capazes de amar, nunca morreremos, certo? Na verdade, é tudo uma questão de grau. A vida inorgânica é a coisa mais próxima que conhecemos de um estado de vida onde não há amor. Amor total, na outra extremidade do espectro, é quando não temos mais divisões internas devido a conceitos falsos. É quando a consciência universal—unidade, integração —pode ser completamente realizada. Então, não haverá mais dualidade; não haverá mais vida e morte. Para chegar neste ponto, cada um de nós tem que caminhar muito lentamente por todos os vários estágios de evolução. No momento, estamos trabalhando para superar esse estágio intermediário de ser humano.

Digamos que, depois de lermos esses ensinamentos ou fazermos nosso trabalho pessoal, consigamos perceber que nunca realmente amamos nada ou ninguém. E nos decidimos pela tarefa de ir ao encontro do nosso Eu Real. O lugar para começar é nos perguntando até que ponto acreditamos que a vida está contra nós, levando-nos a não amar. Precisamos anotar nossas idéias específicas: em que aspecto particular presumo que a vida está contra mim?

Se nossa resposta for: “Em todos os sentidos”, não fomos longe o suficiente. Não é suficiente fazer admissões gerais, pois isso não é muito preciso. Temos que ser específicos. Então, quando nossa lista estiver completa, podemos começar a nos dizer: “Talvez não seja assim, finalmente”. É provável que tenhamos que fazer concessões para a possibilidade de que, talvez, apenas talvez, estejamos enganados.

Neste caminho, freqüentemente, criamos um gargalo no progresso do nosso trabalho quando não abrimos mão de uma conclusão errada. Uma crença errônea cria desarmonia. Então, encontramos uma crença errônea oculta—e sabemos, em princípio, que estamos equivocados—mas nos acomodamos e afirmamos: “Sim, mas é assim que me sinto.” Em seguida, sentamos e esperamos que comecemos a sentir de maneira diferente, sem fazer nenhum esforço para que isso mude.

A maneira de resolver nossos problemas é questionar seriamente nossas conclusões e admitir que talvez as coisas pudessem ser diferentes. Devemos abrir espaço para a verdade. E a verdade não pode entrar num quarto escuro e fechado, cheio de concepções errôneas sobre a vida e sobre a natureza de quem realmente somos.

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Conectividade universal

Quando estivermos em unidade com o centro de nosso ser, nos uniremos ao núcleo universal de todos os outros. A partir daí, podemos estender a mão com amor e tocar os outros, estejam eles atualmente em um corpo humano ou não. Tudo se encaixará e se unificará.

É assim que poderemos alcançar nossos entes queridos que já faleceram. Não por estar em contato com um indivíduo específico no mundo não-físico, mas por nos conectarmos com todos os seres, onde quer que estejam. Pois, tentar estabelecer contato individual com alguém que morreu não ajuda realmente ninguém porque isso muda a ênfase do que é realmente importante aqui—ou seja, limpar o que está nos impedindo de entrar em contato com o nosso eu mais íntimo—para algo que é menos importante.   

No final, é muito mais verdadeiro e amoroso colocar ênfase no que realmente importa: a autorrealização. Então, o amor com outras pessoas encarnadas acontecerá da melhor maneira possível. Em contraste, fazer contato com pessoas desencarnadas nunca pode ser satisfatório, nunca. Porque isso acaba levando a uma fuga daquilo que realmente é mais importante enfatizar.

Pessoas que buscam o conforto de contatar um ente querido falecido o fazem para aliviar suas dúvidas e suas dores. Mas esse alívio não é genuíno e nem duradouro. Somente ao fazer o trabalho pessoal de autodesenvolvimento é que poderemos encontrar uma paz duradoura. Porém, se não estivermos dispostos a fazer esse trabalho e a desfazer nossos conceitos errôneos, ninguém mais poderá nos ajudar.

No momento em que quisermos ir além de nossas limitações atuais, no entanto, a ajuda chegará até nós de todos os lados. Então seremos capazes de receber o amor, a força e a verdade que está no ar ao nosso redor. Nosso olhar se ajustará e nossas percepções mudarão, na medida em que ativamos o amor, a força e a verdade em nosso âmago e nos unimos aos outros.

– Guia Pathwork

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Leia a Palestra Original do Pathwork # 146: O Conceito Positivo da Vida - Destemor para Amar - o Equilíbrio entre Atividade e Passividade