Fazer o trabalho árduo de autodesenvolvimento pessoal profundo requer medidas iguais de coragem e compromisso, honestidade e humildade. As recompensas que receberemos - em proporção ao nosso investimento - são paz e realização. Isso é causa e efeito. Nossos problemas começarão a se desfazer, o que podemos ter duvidado por muito tempo que fosse possível. Começaremos a formar relacionamentos mais próximos e mais autênticos.
A presença de amigos íntimos—pessoas com quem vivenciamos paz, luz, esperança, realização e confiança íntima—ou a falta deles é um bom indicador para nos dizer se algo está errado por dentro. Pois esse indicador é muito exato! As circunstâncias da nossa vida refletem com grande precisão se estamos avançando bem em nosso caminho espiritual. Não existe outra forma de medir que seja mais verdadeira.
Nunca podemos nos comparar a ninguém. Onde estamos neste momento é o ideal para nós. É o lugar exato onde precisamos estar. Saber disso pode iluminar nossa perspectiva e nos dar mais esperança. Outra pessoa, por outro lado, pode estar em uma encruzilhada interior idêntica e, ainda assim, ela pode estar ficando para trás em seu caminho pessoal.
É muito possível que essa outra pessoa não cumpra o plano que esperava realizar durante esta encarnação em particular. Ela, então, estará em conflito—com os outros e/ou consigo mesma. O único indicador confiável para saber como estamos no plano de nossas vidas é este: como eu me sinto sobre mim mesmo, meus relacionamentos e como está minha vida?
Agora, vamos voltar nossa atenção para como devemos proceder quando descobrimos a nossa intenção de permanecer presos na negatividade. Precisamos continuar explorando nossa intenção negativa, assumindo-a com um espírito de honestidade e franqueza. Então, o que vem a seguir—depois de estarmos realmente prontos para deixá-la ir—será trocá-la por intenção positiva.
A chave é que precisamos ter uma compreensão integral do que significa compromisso, por um lado, e causa e efeito, por outro. A princípio, essas duas coisas podem parecer não ter relação com nossa intenção negativa, mas todas são intrinsecamente conectadas e estamos prestes a descobrir por quê.
A causa: Compromisso
Iremos abordar primeiro o compromisso, começando com o que significa se comprometer. Temos a tendência de espalhar essa palavra como se já soubéssemos o que significa, mas muitas vezes sem ter um verdadeiro entendimento. Sobretudo, significa ter uma atenção concentrada, doando-nos de todo o coração àquilo com que nos comprometemos. Quando estamos comprometidos, damos o nosso melhor no que estamos fazendo, permitindo-nos focar em todos os aspectos do assunto à nossa frente.
Compromisso significa que não evitamos dar tudo de nós—toda a nossa energia e atenção—utilizando nossas melhores faculdades de pensamento, bem como a intuição, as quais podemos nos abrir a elas em meditação. Todo o esforço consiste em utilizar o seguinte: energia física, capacidade mental, sentimentos e vontade. Com cada um deles à nossa disposição, seremos capazes de ativar os poderes espirituais dormentes a serviço de qualquer novo empreendimento construtivo.
Essa abordagem holística só pode acontecer quando tivermos pleno uso de uma vontade que não seja desfeita por contra-forças negativas. Em outras palavras, se queremos nos comprometer totalmente, não podemos ter nenhuma intencionalidade negativa.
O compromisso é um aspecto de tudo que podemos imaginar fazer. Não se aplica apenas a empreendimentos grandes e significativos, como nossa jornada espiritual de autoevolução, a qual é a empreitada mais importante que podemos embarcar na vida. Todas as pequenas tarefas mundanas da vida também exigem compromisso. Conforme for nosso nível de comprometimento com algo, nesse mesmo nível ele nos dará prazer e será livre de conflitos; será gratificante e terá um propósito; terá significado e profundidade; será bem-sucedido; e terá a sensação de ser abençoado.
Sempre que nos empenhamos totalmente—e nem um pouquinho menos—isso só pode ser satisfatório e recompensador. Mas com que frequência esse é realmente o caso? Na verdade, é relativamente raro. Geralmente nos esforçamos pela metade e achamos que está bom, então ficamos confusos e desapontados quando não obtemos os resultados que esperávamos.
É aqui que causa e efeito entram na equação. Quando não percebemos que o efeito é o resultado de uma causa que colocamos em ação sem estarmos comprometidos totalmente, uma divisão ocorre em nossa consciência que ativa inúmeras reações em cadeia negativa. Em nossa confusão, sentimo-nos impotentes e injustiçados. Além disso, nem mesmo estamos cientes de que comprometemos apenas uma parte de nós mesmos, enquanto a outra parte ainda diz Não. E, uma vez que desconsideramos que isso tem relação com o resultado, não podemos fazer nada além de nos sentirmos amargurados.
Passamos a acreditar que o mundo é um lugar desordenado e sem sentido. Isso nos assusta, tornando-nos defensivos, crueis, desconfiados, insensíveis e ansiosos. Em vez de trabalhar para consertar o verdadeiro problema—a força contrária negativa que inviabiliza nosso comprometimento total—aplicamos nossa força vital para afastar as pessoas, isolando-nos no fracasso e desistindo de nos esforçar.
Quando não conseguimos encontrar a conexão entre causa e efeito—neste caso, entre nossa falta de compromisso e a frustração resultante—procuramos fazer um ajuste, mas o fazemos da maneira errada. O verdadeiro culpado, sempre que houver um comprometimento fraco, é a nossa intenção negativa.
Procurando por problemas
Para encontrar nossa intenção negativa, devemos encontrar a voz interior que diz algo como: “Não quero dar o melhor de meus esforços, minha atenção, meus sentimentos, minha honestidade, meu qualquer coisa. O que quer que eu faça, será porque preciso. Ou por um motivo oculto como querer obter um determinado resultado sem ter de pagar o preço ”. É extremamente importante ser capaz de ter consciência de uma atitude interior como essa. É a chave para compreender outras conexões das quais também não podemos prescindir ao longo do nosso caminho.
Apenas ter consciência não é o suficiente. Temos que estabelecer a conexão entre causa e efeito. Pois é totalmente possível nos tornar conscientes da nossa intenção negativa, mas deixar de estabelecer essa conexão. Em nosso trabalho em nosso caminho espiritual, devemos procurar onde nos contemos deliberadamente com uma atitude rancorosa, pelo menos até certo nível. Devemos tomar consciência desta verdade fundamental: se há algum aspecto de nossas vidas que lamentamos e que nos causa grande sofrimento, esse é o efeito direto das causas que nós mesmos colocamos em movimento com nossa intenção negativa.
Na maioria das vezes, porém, culpamos outras pessoas e seus erros por nosso sofrimento, ou consideramos ser má sorte, coincidência ou algum “problema” incomensurável conosco que simplesmente não conseguimos resolver.
Portanto, o ponto mais importante de tudo isso é que: nós precisamos explorar o que nos deixa mais infelizes na vida. Com o que nós sofremos? É algo evidente, como um problema com nosso companheiro, ou talvez a falta do companheiro ideal? Em caso afirmativo, podemos nos perguntar: qual é a minha intenção aqui? Então, quando pudermos encontrar a voz dizendo: “Não, eu não quero dar o melhor de mim ao amor ou a este relacionamento” veremos a conexão com nosso sofrimento. Então, teremos conectado a causa com efeito.
Se nosso problema for segurança financeira, podemos procurar interiormente até encontrarmos a intenção negativa que diz: “Eu não quero ser capaz de cuidar de mim mesmo. Porque se eu fizer isso, vou liberar os meus pais. Ou pode-se esperar que eu dê algo que simplesmente não quero dar.” É fundamental que vejamos como nossa intenção negativa traz o resultado. E esteja ciente de que isso acontece independentemente de quão furtivo e sutil seja. Muitas vezes, encontramos essa intenção escondida sob uma tensa luta para conquistar algum tipo de realização.
Podemos facilmente nos enganar com tal hiperatividade, pensando que isso deve funcionar para trazer o resultado positivo que desejamos. Enquanto isso, continuamos a ignorar o poder da causa negativa oculta. E que é certo para extrair um efeito. Mesmo depois de nos conscientizarmos de nossa intenção negativa, é perfeitamente possível descartar a importância dela. Mas se nem ao menos estivermos cientes disso, agora é um bom momento para começar o processo de escavação. Devemos descascar as camadas das regiões internas de nossa mente. E devemos buscar pistas sobre o que está levando ao efeito indesejável.
Com o que nos sentimos assustados ou inseguros? Com o que nos sentimos inadequados? Percebemos uma tensão ou ansiedade que não podemos explicar? Sentimo-nos culpados, mas não sabemos por quê, então tentamos nos convencer a abandonar essa culpa, já que parece ser tão injustificada? Odiamos nossas fraquezas ou nossa falta de autoconfiança? Amigos, tudo isso são efeitos de alguma intenção negativa que, em certo nível, é deliberada. Devemos encontrá-la e trazê-la à tona.
Por exemplo, consideremos que tenhamos um traço negativo—algo como rancor, maldade, rebeldia, teimosia, ódio, orgulho—e ele nos faz sentirmos culpados. A culpa é uma forma de saída artificial e injustificada. Afinal, a culpa não é um traço positivo, por isso deve levar a atos autodestrutivos. Há uma grande chance de que ela cause todas os males dos quais gostaríamos de nos libertar, como ansiedade ou a falta de autoconfiança. Mas a única maneira de se libertar verdadeiramente dessas coisas é fazer a conexão entre elas e o que as está causando—a intenção negativa. Dessa maneira, podemos abandonar a intenção negativa.
Se não nos tornarmos conscientes dessa conexão, nos sentiremos como uma vítima que está sendo perseguida. Quanto mais inclinados estamos a não admitir nossa intenção negativa, mais tentaremos tirar proveito de estar naquela posição, com a esperança de “convencer” a vida, o destino e outras pessoas a nos dar o que queremos. Com isso, culparemos a autopiedade, os ressentimentos e a impotência para conseguir o que apenas pode vir através de uma intenção positiva.
A intenção positiva requer muito comprometimento—total e sem dúvidas. Se não estamos dispostos a nos investirmos dessa forma, então estamos querendo usar meios falsos para obter os resultados que desejamos. Isso, é claro, aumenta a culpa. E a culpa aumenta nosso medo de olharmos para nós mesmos com honestidade. Consequentemente, convencemo-nos ainda mais de que o problema deve ser um fator exterior. Ou talvez, apenas talvez, seja algo inofensivo dentro de nós. E assim, seguimos nossa vida, dentro de um círculo vicioso.
Fazendo a conexão madura
Algumas pessoas, depois de fazer um bom progresso em seu caminho espiritual, têm uma noção de sua intenção negativa. Este é um progresso realmente bom. Mas então tendemos a esquecê-la. Ignoramos que está realmente causando um efeito. Falhamos em conectar os pontos. E seguimos adiante em nosso caminho feliz.
Outros admitem que temos um desejo de continuar com nossa destrutividade. Por exemplo, gostamos de ser odiosos, vingativos e rancorosos. E deixamos de perceber a conexão entre nossa intenção e nossa miséria. Mas como isso não nos traria efeitos indesejáveis vindos de outras pessoas? Não importa o quão bons pensamos que somos em esconder nossa intenção negativa, e não importa o quão fortemente expressamos nossas atitudes positivas—que também estão presentes—o componente negativo vai colorir nossas ações e comportamentos mais do que percebemos. Portanto, nossa intenção negativa afetará invariavelmente a essência da alma de outras pessoas, desencadeando reações inconscientes.
Para a pessoa ordinária, muita percepção está acontecendo no nível inconsciente, então estamos jogando pingue-pongue, recebendo e rebatendo as interações inconscientes com os outros debaixo da mesa, o tempo todo. Enquanto as nossas interações conscientes podem ser cordiais o suficiente, são as interações insconscientes repletas de rachaduras e problemas que ambas as partes consideram misteriosas. Em nossa confusão, respondemos culpando-nos e anestesiando nossos sentimentos, os quais trazem à tona as negatividades nos outros que eles ainda não exploraram.
É assim que as interações negativas continuam, indefinidamente. A única maneira de quebrar esse ciclo é uma pessoa espiritualmente madura revelar suas percepções inconscientes de intenções negativas. E que benção é isso. Essa pessoa será capaz de evitar a confusão mortal que ao contrário surgiria e poderá lidar com a situação.
Ver a relação entre causa e efeito em nossas vidas nos motivará a abandonar nossas atitudes negativas e cultivar as positivas. É assim que ganhamos maturidade espiritual e emocional. Afinal, o que é maturidade senão a capacidade, em grande medida, de conjugar causa e efeito. Essa habilidade reflete uma quantidade significativa de consciência, normalmente obtida por meio do trabalho de autodesenvolvimento pessoal.
Considere um bebê. Quando ele se machuca fisicamente, ele não tem a capacidade de conectar causa e efeito. Um bebê simplesmente ainda não tem as faculdades mentais para fazer isso. Seja o que for que está causando a dor é totalmente apagado de sua mente consciente. Ele apenas vivencia o efeito, que é a dor.
Depois que o bebê cresce um pouco e se torna uma criança, ela pode começar a conectar causa e efeito quando eles acontecem um após o outro. Por exemplo, uma criança toca no fogo e se queima. Ela entenderá que o fogo é a causa e que a sensação de queimadura é o efeito. Dessa maneira, aprende uma lição de vida: para evitar a sensação de queimadura, precisa evitar tocar no fogo. Neste exemplo, causa e efeito estão muito próximos no tempo. Com esta lição, a criança obteu seu primeiro grau de maturidade na estrada do desenvolvimento humano.
Mas essa mesma criança ainda não pode conectar a relação entre causa e efeito quando há uma distância entre as duas coisas. Um pouco mais adiante, quando ela for um pouco mais velha, será capaz de compreender que, por exemplo, uma dor de barriga está relacionada a comer em excesso algumas horas antes. E com isso, um outro grau de maturidade foi alcançado.
Quanto mais maduros nos tornamos, maior será nossa capacidade de conectar causa e efeito quando a conexão for menos óbvia e ocorrer por um longo intervalo de tempo. Mas se permanecermos imaturos emocionalmente e espiritualmente, não teremos consciência suficiente para ligar causa e efeito de modo realista. Essas pessoas não conseguem ver como suas experiências—bem como seu estado mental—estão conectadas diretamente a um determinado conjunto de causas.
Elas não conseguem ver que suas ações do passado trouxeram efeitos, ou que atitudes interiores escondidas não passarão despercebidas. Elas podem procurar a causa de diversas maneiras, na esperança de encontrar respostas, e podem até procurar dentro de si mesmas. Mas se elas não conseguirem preencher a lacuna entre a causa e o efeito, elas darão voltas e mais voltas em círculos, em vez de se moverem ao longo de uma espiral, que é o verdadeiro movimento de um caminho espiritual.
Causa e efeito ao longo da vida
A partir da nossa perspectiva humana, não parece que a relação entre causa e efeito permança intacta de uma vida para a outra. Somente à medida que aumentamos nosso nível de consciência—realizando o trabalho de cura conforme descrito aqui—uma pessoa amadurece o suficiente, espiritualmente, para perceber que as causas de vidas anteriores estão gerando efeitos aqui e agora. No começo podemos pressentir isso e, mais tarde, saberemos interiormente que isso está ocorrendo de fato.
Um conhecimento interior muito signitificativo que explica pontos-chaves sobre nossa vida é uma revelação que precisamos conquistar através do nosso trabalho pessoal de autocura. Isso não é o mesmo que rebecer uma informação de um vidente a respeito de encarnações anteriores. O conhecimento interior é algo que acontece naturalmente.
A habilidade de uma pessoa vidente de descrever o futuro depende da sua habilidade de perceber as causas na alma de alguém. E os efeitos legais dessas causas não podem deixar de se materializar. Muitas pessoas não entendem o que está realmente acontecendo aqui, e acabam acreditando que algo misterioso ou sobrenatural está se manifestando. Muitas filosofias erradas surgem dessa ideia equivocada. Uma dessas teorias errôneas é a ideia de que nossos destinos são pré-determinados.
A realização do trabalho de autocura é um processo de amadurecimento que nos permite conectar cada vez mais a causa e o efeito. O crescimento da nossa consciência nesse processo traz muita paz e luz! No início, podemos achar muito desconfortável ver como fomos nós que criamos o que lamentamos. Pode ser difícil ver que, se queremos ter experiências diferentes na vida, teremos que desistir daquilo a que nos agarramos com ferocidade.
No entanto, uma vez que percebemos a beleza dessas leis e as aceitamos, uma sensação de segurança e liberdade indescritível surgirá em nós. O conhecimento nos transmitirá, como nada mais poderia, como esse universo é seguro, amoroso e justo.
Veremos coisas que parecem um destino além do controle de qualquer pessoa - onde nascemos, como que sexo, como parecemos, quais são nossos talentos - pelo que são: auto-causadas e auto-desejadas, às vezes com sabedoria e às vezes destrutivamente. Pois tudo é estabelecido com base em relações de causa e efeito que se estendem de uma vida à outra.
Este é o mecanismo que determina o que parece ser nosso destino atual, nesta vida. Pois cada um de nós possui ambas as intenções, a negativa e a positiva, em nós. E cada uma dessas coisas cria experiências e estados mentais totalmente únicos. Por que esse princípio mudaria quando uma entidade faz a transição de um corpo para outro? Não há nada de errado com esse princípio. Não são necessárias exceções, interrupções ou mudanças.
As etapas de um caminho espiritual
Purificação
Este caminho, e outros semelhantes, podem ser divididos nos seguintes estágios. Primeiro, lutamos fortemente para escavar camadas internas profundas. Essas camadas são preenchidas com 1) equívocos, 2) intencionalidade negativa e 3) dor residual. A abordagem varia um pouco para cada pessoa, mas, eventualmente, devemos explorar um e depois outro desses aspectos.
O movimento de um caminho interior nunca é uma linha reta. Sempre haverá uma quantidade considerável do movimento de ir e vir. À medida que prosseguirmos, exploraremos mais aspectos, mas o trabalho de purificação concentra-se essencialmente nestas três áreas: quando nós somos 1) capazes de trocar as concepções equivocadas profundas pela verdade, quando 2) somos capazes de converter nossa intenção negativa em intenção positiva e quando 3) não nos defendemos mais da experiência de dor, com isso teremos dado um passo considerável. A maior parte da nossa purificação inicial estará completa.
O que é, essencialmente, intenção negativa? É uma defesa contra sentir dor. E as concepções equivocadas? Elas são o resultado tanto de nossa defesa quanto de nossa reação à dor. Portanto, esses três aspectos estão integralmente conectados. É um sinal de maturidade poder experienciar o que nós mesmos produzimos e não lutar contra isso. Uma alma madura se torna leve, ela é receptiva aos seus próprios sentimentos inatos e os saboreia completamente. Esta é a única maneira de eliminar o mal deste mundo. Pois todas as nossas formas de defesa abrigam o mal, o que não é difícil de detectar em qualquer forma de negatividade. O mal, então, nasce das nossas concepções equivocadas.
Nesta estrada evolutiva em que estamos, é tarefa de cada ser humano eliminar o mal ao transformá-lo novamente para o seu estado original de consciência verdadeira e amorosa e de energia pura e limpa. É necessário passarmos por muitas vidas para atravessarmos por essa fase do trabalho—a fase da purificação.
O mal produz dor. Nosso medo dessa dor e as defesas que construímos contra ela produzem mais dor—que na verdade é uma dor ainda pior—e também possui mais maldade. Isto posto, nossas defesas nada mais são do que ilusões que não funcionam. Podemos vivenciar a verdade disso no momento em que nos abrimos totalmente para a experiência da dor. Observe, não estamos tratando aqui sobre a dor falsa, a qual é a dor que também é uma defesa. A dor falsa é retorcida, insuportável e cruel. Ela é o resultado de uma corrente forçada que diz: “Vida, não faça isso comigo!”
Para este tipo de dor falta a vontade madura de apenas deixar a dor real ser o que é. Quando experienciamos uma dor real, paramos de tentar controlá-la, manipulá-la ou escondê-la. A dor simplesmente existe. Dessa maneira, aproximamo-nos do estado de ser, com toda sua paz e bem-aventurança. Poderemos saborear esse estado cada vez mais à medida que retiramos todas as nossas defesas, o que nos libertará para adotar uma intenção positiva de dar o nosso melhor na vida.
A forma falsa de dor, a qual ainda é uma defesa, é repleta de amargura, autopiedade e ressentimentos. Como tal, é uma destruidora de paz. A dor real, por outro lado, é pacífica porque assumimos total responsabilidade—sem automanipulação. Não estamos dizendo: “Coitado de mim, é isso que a vida está fazendo comigo,” nem estamos dizendo: “Eu sou tão mau e não tenho esperança que poderei ser liberto.” Nenhuma dessas atitudes é verdadeira, o que as torna parte integrante do mal.
Experienciar a dor real e sem defesas é abrir a porta para nossa alma e deixar a luz entrar. Essa é a maneira de expor nosso núcleo central, com seu vasto armazenamento de criatividade, força, sabedoria e sentimento profundo. Quando aprendermos a nos colocarmos à disposição para tudo o que a vida oferece—mesmo se a vida ocasionalmente nos ofereça dor—não precisamos recorrer à intenção negativa.
Depois de eliminar nossa dor residual, caso uma nova dor atual apareça, seremos capazes de vivenciá-la como ela realmente é. Não precisaremos negar ou exagerar essa dor, e não precisaremos criar várias interpretações artificiais sobre o que aconteceu. E naquele dia, nenhuma concepção equivocada, nenhuma intenção negativa, nenhum mal e nenhum sofrimento podem existir.
Este é o estado que põe fim ao medo: não há mais medo da morte, medo da vida, medo de ser, medo de sentir ou medo de amar. E não se esqueça, o medo de vivenciar as grandiosas alturas da vida universal é o maior medo no mundo.
Transcendência através da transformação
Com a existência do mal—¬¬que acabamos de identificar como nossas concepções equivocadas, defesas, intenção negativa e negação de experienciar a dor que nós mesmos causamos—a felicidade será insuportável. Portanto, na segunda fase do caminho espiritual, nossa alma precisa se aclimar com a bem-aventurança universal. Mas precisamos evoluir para esse ponto gradualmente. Pois, embora nossa alma esteja agora livre do mal, precisaremos desenvolver a força para aguentar o enorme poder emanado pelo Eu Real.
A energia extasiante e pura do espírito é tão forte que apenas os indivíduos mais fortes e puros podem viver confortavelmente nela. Iremos experimentar um pouco dessa verdade durante nosso processo purificação espiritual, apenas para descobrir como é difícil ter prazer, êxtase e felicidade. Sentimo-nos mais confortáveis na área cinzenta a que nos acostumamos.
O poder do espírito universal não é compatível com a energia vagarosa da dor que ainda não foi vivenciada, das desefas e do mal. Isso explica por que as pessoas que estavam presentes durante a transmissão desses ensinamentos desaguaram em lágrimas em resposta ao fluxo puro do poder espiritual. A rentenção de sentimentos fortes fazia com que pessoas chorassem, pois despertava velhos sentimentos residuais de tristeza, saudade e dor. Por que os sentimentos que ainda não foram vivenciados estão sempre adormecidos dentro de nós.
Apesar das pessoas estarem vivenciando os sentimentos difíceis que vieram à tona, elas também podiam sentir o alimento espiritual, a felicidade e a liberdade que acompanhavam o amor derramado sobre elas. À medida que avançamos, mais felicidade se manifestará, pois ela brota do nosso interior. As nossas lágrimas abrem os canais de felicidade.
Quando permanecemos firmes em nossa defesa, nos tornamos duros e “seguros”. Nossa vontade de expor a verdade temporária do mal que mora dentro de nós nos dará a força de que precisamos para deixá-lo ir embora, para que possamos sentir e nos tornarmos mais reais. Justificar nossa rigidez defensiva utilizando dúvida ou julgamento não nos auxilia em nada. Afinal, é assim que nos defendemos da verdade de quem nós somos. Que tolice! Pois nós mesmos nos conduzimos para fora da vida e depois nos queixamos amargamente sobre isso.
Quando estivermos prontos para nos comprometer 100% em sentir o que quer que esteja em nós, então poderemos nos tornarmos livres. E então poderemos nos despertarmos. Ao abrirmos mão das nossas defesas, podemos fazer a transição da dor falsa e amarga para a dor real que é suave, macia e alegre—sim, alegre. Pois a verdadeira dor carrega o embrião da vida com ela. Essa semente logo enraizará em nossa consciência e florescerá, à medida que nos comprometermos com nossos sentimentos e a vivenciar a vida—sem hesitação.
Uma vida feliz é possível, se apenas renunciarmos à nossa teimosia; nossos laços com outras pessoas podem ser enriquecedores e calorosos. Cada um de nós assumiu uma grande responsabilidade como parte de nossa participação no grande plano. Essa responsabilidade não é um fardo; é um privilégio. Por certo, é o maior privilégio que uma pessoa pode experienciar. Não há nada que poderia fazer qualquer um de nós mais feliz, alegre e livre do que vir aqui e ter a chance de nos curar.
Ao considerar esta responsabilidade como um fardo que não é bem-vindo ou uma pressão indesejável é o sinal de imaturidade. À medida que amadurecermos, descobriremos a verdade de que liberdade e autorresponsabilidade não podem ser separadas. Se não estivermos dispostos a nos sentirmos responsáveis, nunca seremos livres.
Interações dolorosas ou positivas
Nossa intenção negativa não é somente nossa, pois gera infelicidade e nós a espalhamos para os outros. Estejamos conscientes ou não do que estamos fazendo, isso deixará uma sombra de culpa em nossa alma. Quando somos desamorosos e retidos, prejudicamos os outros. Podemos até não fazer isso com nossas ações, mas nossas interações invisíveis com as pessoas são igualmente prejudiciais, especialmente quando a outra pessoa ainda não tem discernimento suficiente para entender o que está acontecendo.
O que acontece no nível físico é o resultado, não a causa. O que ocorre em nossa realidade interior é sempre a causa. Isso explica como uma ação exterior aparentemente boa pode terminar com resultados desastrosos, porque a negatividade encoberta arruinou o dia. Por outro lado, uma situação aparentemente ruim pode acabar sendo uma benção, se os motivos subjacentes forem positivos e verdadeiros.
O que acontece no nível em que não há manifestação é de fato mais real do que o que percebemos com nossos cinco sentidos. Como tal, a intenção negativa pode dar um soco mais forte que o próprio corpo físico. Se um indivíduo já fez um trabalho considerável para se libertar de suas defesas, ele não deixará de ser afetado se alguém o machucar, porque ele está consciente. Porém, irá vivenciar essa dor de maneira limpa e ficará ileso no longo prazo. A dor momentânea não se acumulará em um poço de dor residual.
Mas, enquanto ainda estivermos lutando com nossas máscaras e defesas e também não tivermos resolvido nossa intenção negativa, sentiremos uma dor aguda. Vamos nos sentir rejeitados novamente, embora possamos não estar conscientes da nossa reação emocional. A escolha é nossa de tornar nossa dor consciente, embarcando em um caminho de autodesenvolvimento. Ou podemos continuar nos justificando, fortalecendo e reforçando as nossas paredes de defesa.
Quanto mais trabalho espiritual bom fazemos, mais nossa responsabilidade aumenta. À medida que amadurecemos, o impacto do que lançamos no mundo cresce junto conosco. Quanto maior nossa luz, maior será a sombra que projetamos com nossa negatividade. Esta é uma lei espiritual inalterável.
Ao mesmo tempo, à medida que progredimos como indivíduos e coletivamente como grupos, geramos energia positiva que oculta o próprio trabalho. Sim, os resultados dos nossos esforços podem ser vistos em todo o mundo, mas os benefícios invisíveis são muito maiores e, neste ponto em que estamos, ultrapassam nosso poder de compreensão.
Quando auxiliamos nossos irmãos e irmãs, com nosso compromisso de curar em todos os níveis, estamos fazendo algo muito bonito. É assim que cumprimos nossa responsabilidade espiritual. Nossa maneira de estar no mundo—tanto com nossas ações positivas quanto negativas—reverbera e tem efeitos fortes. Precisamos compreender que isso é verdade e deixar esse fato ser um incentivo para realizar este trabalho de cura.
Neste momento, nós completamos o círculo afirmando a importância de nos comprometermos de todo o coração com a nossa verdade e de dar o nosso melhor, bem como abandonar a atitude rancorosa de retenção. Ver tudo isso é um passo importante para querer abdicar da nossa negatividade, permitindo que Deus nos ajude a criar o oposto: uma vida positiva.
“Quando você estiver incomodado, procure a verdade e tudo ficará bem. Sejam abençoados, meus queridos. O amor do universo envolve todos vocês.”
– Guia Pathwork
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