Qual é o fim do jogo de ser humano? Para onde estamos todos indo? Qual é o sentido da vida? Nosso objetivo é sempre uma coisa: nos tornarmos nosso Eu Real. Todos os muitos ensinamentos do Pathwork Guide abordam esta mesma tarefa, cada um abordando-a de um ângulo diferente. Ao trabalharmos nessa direção, será útil entendermos como nosso eu interior, ou Eu Real, difere de nosso eu exterior, ou ego. Qual é a relação entre esses dois? Para muitos de nós, tendo ouvido várias teorias conflitantes, estamos confusos sobre a função do ego.

Alguns afirmam que o ego é essencialmente negativo e, portanto, indesejável. Por isso, o objetivo da espiritualidade é se livrar dele, certo? Outras teorias—particularmente do ponto de vista psicológico—dizem que o ego é importante, pois não podemos ser mentalmente saudáveis sem um ego.

Qual desses pontos de vista é correto? Vamos descobrir. Pois, se nossa visão sobre o ego não for clara, será difícil alcançar nosso objetivo tão importante de autorrealização.

Estamos nos enganando se pensamos que podemos dispensar nosso ego antes de aprendermos a andar reto no mundo.

Estamos nos enganando se pensamos que podemos dispensar nosso ego antes de aprendermos a andar reto no mundo.

Primeiro, vamos esclarecer o Eu Real e sua essência. Este é o nosso eu interior e é um aspecto integrado a natureza. Desse modo, estamos sujeitos às leis da natureza. E a natureza é algo em que podemos confiar. Sendo assim, não existe razão em não confiarmos em nós mesmos—não confiar em nosso eu interior. Se nos parece que a natureza é nossa inimiga, é porque não compreendemos as leis naturais que ela segue.

Portanto, nosso eu interior é natureza. Nosso Eu Real évida. Nós somos criação. Esta é uma maneira melhor de falar, ao invés de que somos “uma parte” da natureza, ou parte da criação. Nosso Eu Real e a natureza são um e são a mesma coisa.

Sempre quando agimos a partir nosso Eu Real, estamos pautados na verdade e somos felizes. Nossas contribuições mais construtivas e criativas para a vida vêm do nosso eu interior. Assim, tudo que emana vida—tudo que for sábio, belo e generoso—origina-se aqui. Nunca é muito enfatizar que vale a pena refletir sobre isso. É essencial que entendamos essa verdade, não somente com nossa mente—mas precisamos senti-la.

Sendo assim, qual é a função da nossa personalidade exterior—nosso ego? Essa é a parte de nós que atua em um nível ao qual temos acesso direto. Uma vez que estamos diretamente, ou conscientemente, cientes do nosso ego, esta é nossa consciência. Esta é a parte de nós que pensa, age, seleciona e toma decisões.

Se tivermos um ego fraco, teremos dificuldade em lidar com a vida. Se tivermos um ego superdesenvolvido, estaremos perdidos de nosso Eu Real. Em outras palavras, ambos os extremos de fraqueza e inflação do ego resultarão na separação de nossa essência interior. E este é essencialmente o nosso problema. Todos os nossos conflitos na vida resultam de ter um ego muito grande ou muito pequeno.

Geralmente, não é que uma pessoa tenha um ego grande e outra, um ego muito pequeno, mas sim que ambas estão desequilibradas internamente. Somos subdesenvolvidos em uma área da nossa personalidade e superdesenvolvidos em outra. Assim, a natureza seguirá seu curso e tentará reestabelecer o equilíbrio. O superdesenvolvimento de nosso ego, então, pode ser a maneira da natureza de corrigir a perturbação causada por ter um ego fraco em outra área de nossas vidas.

Somente depois de desenvolvermos suficientemente o nosso ego é que podemos eliminá-lo. Isto talvez pareça uma contradição, mas não é. Pois, se nosso ego não estiver bem desenvolvido, todo os nossos esforços para compensá-lo resultarão em mais fraqueza. Sendo assim, estamos nos enganando se acharmos que poderemos descartar nosso ego antes de aprendermos a andar corretamente no mundo. Pois, enquanto não tivermos um ego forte o suficiente, não teremos a capacidade de pensar, selecionar, decidir e agir apropriadamente em qualquer situação que aparecer.

Se esperamos alcançar o Santo Graal de nosso Eu Real rejeitando o esforço necessário para desenvolver um ego saudável, estamos chegando às coisas de um lugar de pobreza. O caminho correto a seguir é possuir e operar totalmente o nosso eu exterior primeiro. Se esperamos pular a criação de um ego saudável - talvez porque sejamos muito preguiçosos - estamos errados. E isso vai nos custar caro, como acontece com todos os erros. Não se engane, desenvolver um ego saudável não é uma coisa fácil. Mas simplesmente não podemos evitar esse trabalho. Fazer isso apenas atrasa o alcance de nosso objetivo.

Em outras palavras: somente quando estamos em plena posse do nosso eu egóico exterior, podemos liberá-lo e, assim, alcançar nosso eu interior. Esta não é uma teoria; esta é uma lei espiritual. E, na verdade, é uma lei lógica que nos leva a agir com força e abundância, ao invés de agir com carência e pobreza. Sendo assim, quando atingirmos o topo desta pequena montanha—quando estivermos em plena posse do nosso ego exterior—teremos a perspectiva tão necessária de que, ei, essa não é a resposta final. Esse não é o elemento mais importante que constitui quem nós somos. Agora, com o uso de um ego que não é nem subdesenvolvido nem superenfatizado, podemos começar a transcender a nós mesmos e alcançar um estado superior de consciência. Mas não antes disso.

Portanto, à medida que avançamos em nosso caminho espiritual, começaremos—talvez através de meditação—a aplicar as faculdades do nosso ego. Em termos práticos, usaremos nossa mente egóica para absorver o que está acontecendo em nossa vida e constatar a verdade da situação. Somente depois compreenderemos as coisas em um nível mais profundo do nosso ser, em nossa consciência absoluta.

Muitas pessoas nem mesmo percebem que existe algo além de seu ego. Elas acham que o objetivo da vida é cultivar um ego forte—embora não pensem sobre isso nesses termos. E é assim que um ego superdesenvolvido entra em jogo. Mas essa é uma rua sem saída. Perde-se o sentido. Em vez de alcançar o nível de ter um ego poderoso que pode ser transcendido, a pessoa engrandece-o ainda mais. Porém, a intenção do ego é tão limitada e as possibilidades tão insignificantes que não há nada de grandioso acontecendo aqui.

É muito importante entender a lei espiritual regente aqui. É a lei que declara que devemos atingir um certo estado de ser antes de poder renunciá-lo por algo melhor. Com frequência, ignoramos totalmente essa lei. Nosso Eu Real sabe que o universo é ilimitado e que existe perfeição absoluta—que temos a capacidade de finalmente expandir e alcançar o céu. E quando lá chegarmos—quando estivermos vivendo plenamente a partir do nosso verdadeiro eu interior—tornaremo-nos o mestre de todas as leis naturais.

Todos nós ansiamos profundamente viver nesta realidade final e alcançar nosso pleno potencial. Mas se ouvirmos o chamado desta mensagem de nosso eu interior mais profundo sem o benefício de um ego saudável, podemos distorcer o significado. Então, nos esforçaremos infantilmente pela perfeição.

Pense em um bebê ao nascer. Ele não possui ego. Ele só quer uma coisa: prazer total. Os bebês buscam onipotência, sem frustração ou falta de satisfação. Porém, para continuar com tal busca sem o desenvolvimento de um ego, é algo irrealista e também destrutivo. Isto posto, é em um caminho espiritual onde aprendemos que devemos abandonar nossas exigências forçadas antes de chegarmos aos nossos desejos, puros e novos, e efetivamente realizá-los.

O longo e o curto é isso. Devemos aceitar nossas limitações como seres humanos antes de podermos acessar a fonte ilimitada de poder situada em nosso âmago, esperando que a encontremos. Devemos aceitar nossas imperfeições, assim como as imperfeições da vida na Terra, antes de alcançarmos nosso destino, que é viver com perfeição absoluta.

E o que dificulta a maioria de nós chegar lá é o seguinte: devemos abandonar a ideia infantil de que podemos ter tudo isso sem trabalhar para tal—que podemos chegar lá sem a ajuda de um ego bem desenvolvido. Precisamos descartar nosso desejo antigo pelo prazer supremo e descobrir como nos contentar com o prazer limitado, antes de descobrirmos tudo o que pode ser nosso. Aceitar menos é aceitar a vida como ela é agora, nesta realidade terrena. E para fazer isso, precisaremos ter um ego.

Uma vez que nosso ego esteja bem equipado para lidar adequadamente com o que este reino terreno oferece - que é onde nosso corpo e alma agora vivem - então podemos compreender profundamente nossas faculdades maiores. Mas devemos andar antes de podermos correr. Então, sim, nosso objetivo final é a perfeição, poder ilimitado e prazer total. E essas não são coisas que devemos apenas esperar em um futuro distante, depois que deixarmos nosso corpo. A medida não é tempo, mas qualidade. E essas qualidades podem existir a qualquer momento. Em particular, eles existirão no momento em que despertarmos para a verdade - no momento em que acordarmos. No entanto, só podemos despertar para a verdade quando encontramos e abandonamos nossas demandas infantis por perfeição absoluta, poder absoluto e prazer absoluto.

Enquanto ainda tivermos um ego fraco, esses desejos egoístas também são destrutivos. Portanto, nosso trabalho—se quisermos concretizar nossos desejos—é de nos livrarmos deles. Esta é a mesma lei espiritual básica que diz: se trabalharmos a partir da abundância, criaremos mais abundância; se trabalharmos a partir da pobreza e carência, criaremos mais pobreza e carência.

Quando temos um ego forte e saudável, podemos relaxar em nossa realidade atual sem ficarmos decepcionados por não podermos experimentar a satisfação agora. Percebemos que deve haver bloqueios dentro de nós que precisam ser abandonados para que a recompensa possa chegar. Porém, quando temos um ego fraco, não conseguimos esperar. Achamos que vamos morrer se nosso desejo de governar o mundo não acontecer. Nosso desejo, então, é negativo. E nos apegaremos às leis e condições limitadoras do pequeno ego, e isso distorcerá as leis supremas.

Por causa de nossa fraqueza e carência, nosso ego subdesenvolvido evitará o trabalho necessário de criar força e totalidade. Em vez de lidar adequadamente com o que está diante de nós, tentaremos desviar dele. Entretanto, quando sentirmos o nosso Eu Real, não teremos mais medo dele e iremos parar de engrandecer nosso ego. Não negaremos mais o importante trabalho de desenvolver as faculdades do nosso ego, que muitas vezes estão adormecidas, sem receber atenção.

O melhor de tudo é que confiaremos na vida, porque começaremos a confiar em nós. Confiança, afinal de contas, é uma chave essencial para viver uma boa vida.

O ego desempenha um papel necessário ao perceber que está se apegando a uma ideia falsa e que parece abrigar uma quantidade surpreendente de obstinação.

O ego desempenha um papel necessário ao perceber que está se apegando a uma ideia falsa e que parece abrigar uma quantidade surpreendente de obstinação.


A descrição do trabalho do ego

Ideias falsas e obstinação direcionada pelo ego são uma parte natural do mundo do ego. Eles não são, entretanto, aspectos naturais do nosso Eu Real. Felizmente, todos os egos vêm equipados com a habilidade inata de eliminar ambas, as falsas ideias e a obstinação. De fato, somente o ego tem o poder de realizar isso. Também é dado ao ego a importante tarefa de mudar sua própria mente e intenção.

Ele desempenha um papel necessário de perceber que está se segurando a uma ideia falsa e que parece abrigar uma quantidade surpreendente de obstinação. Então, cabe ao ego decidir se continua no caminho onde está ou se tenta um novo caminho e abandona esses dois fardos.

Somente o ego aprecia o trabalho de trocar uma ideia falsa por uma verdadeira. Para fazer isso, geralmente envolve abandonar a obstinação tensa e ansiosa e trocá-la por uma vontade relaxada, que seja flexível e fluída. Com certeza, esse trabalho crítico exigirá o uso dos poderes de raciocínio bem desenvolvidos do ego, juntamente com a disposição de recorrer aos níveis de intuição do <em>self</em>—do Eu—para uma orientação superior interna.

“Todas as bênçãos se estendem a cada um de vocês. Essas bênçãos são uma realidade que transcende e envolve todos vocês. Elas são o amor universal, respondendo aos seus esforços corajosos de autoexpansão. Estejam em paz, estejam em Deus!”

– Guia Pathwork

After the Ego: Insights from the Pathwork® Guide on How to Wake Up

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Leia a Aula Original do Pathwork nº 132: A Função do Ego no Relacionamento com o Eu Real