A infelicidade é uma indicação de doença. Normalmente, porém, interpretamos a infelicidade da maneira errada, fazendo-nos lutar contra tudo o que pensamos que está nos deixando infelizes. Em nosso pensamento distorcido, pensamos que tudo o que está se manifestando é a própria doença. No entanto, se estivéssemos vivendo em completa harmonia com nosso Eu Real e suas forças universais, não estaríamos doentes ou infelizes. Portanto, a desarmonia e a doença - na verdade, qualquer descontentamento - são um indicador de nossa saúde interior. Como veremos, também existe uma conexão entre saúde e ser egoísta, que abordaremos em um minuto.

Quando estamos infelizes, é nosso Eu Real - nosso ser espiritual - que está falando conosco, enviando ao ego, ou personalidade externa, a mensagem de que devemos mudar algo. Estamos fazendo as coisas da maneira errada. Esta mensagem surge de um desejo de voltar à saúde, onde seremos felizes e em um estado de bem-estar.

Quanto mais acreditamos que temos que sacrificar nossa felicidade básica porque isso é o que é “bom”, “certo” ou “maduro”, mais nos tornamos privados. E cruelmente egoísta.
Quanto mais acreditamos que temos que sacrificar nossa felicidade básica porque isso é o que é “bom”, “certo” ou “maduro”, mais nos tornamos privados. E cruelmente egoísta.

Ser verdadeiro na vida é o mesmo que se sentir profundamente bem e da melhor maneira possível, sem reservas, com segurança e autoestima. Se estivermos caminhando pela da vida de modo consistente com esse estado, nosso eu mais íntimo ficará contente. Portanto, qualquer neurose—qualquer estresse, depressão, ansiedade, comportamentos obsessivos—ou infelicidade é um sinal importante que aponta para o reestabelecimento da saúde.

Quanto mais livre for o nosso Eu Real, mais claramente essa mensagem será registrada no ego. Alguns podem chamar essa experiência de “ter consciência”. Para uma pessoa menos desenvolvida, cujo Eu Real está oculto e coberto por uma crosta, esses signos serão registrados menos neles. Essas pessoas podem passar muito tempo - talvez muitas encarnações - sem sentir seu descontentamento interior. Seus escrúpulos, ansiedades, dúvidas e dores sobre como eles se desviam da verdade em seu âmago não chegam à superfície. Quando violam sua própria integridade, não registram infelicidade. Eles podem até sentir uma certa satisfação por terem cedido à sua destrutividade.

Dessa forma, a neurose não é um problema, mas um sinal vindo de um espírito sadio que está se rebelando contra o mau gerenciamento da alma daquela pessoa. Em nossa confusão, combatemos a linguagem não verbal do espírito saudável, achando que isso que é doentio. Então, tentamos nos ajustar a uma condição de vida doentia, assumindo que se rebelar contra a “realidade” é ser imaturo, irrealista e neurótico.

Pessoas que vivem de uma maneira tão irreal também tendem a fugir da responsabilidade própria. Eles negam qualquer tipo de frustração e esperam não dar nada além de conseguir tudo. Essas são as decisões que uma pessoa tomou e ela precisa enfrentar e mudar suas escolhas.

O engraçado é que quanto mais as pessoas ignoram seu direito de ser feliz, mais elas ignoram essas mensagens interiores que estão tentando corrigi-las e mais querem burlar e escapar sem dar nada. Há uma conexão lógica aqui. Quanto mais acreditarmos que temos que sacrificar a nossa felicidade básica porque isso que é “bom,” “certo,” ou “maduro”, mais necessitados ficamos. Inevitavelmente, quanto mais isso acontece, mais cruelmente egoístas nos tornamos. Com isso, iremos desenvolver uma destrutividade secreta no subterrâneo.

A qualquer momento, essas emoções que estão pressurizadas podem explodir. Quanto mais elas forem reprimidas, maior será a probabilidade de um colapso, já que o contraste entre elas e a versão falsa que estamos apresentando é muito grande. Logo mais, voltaremos para esse tema.

Neste momento, vamos ver um exemplo do que pode acontecer com uma pessoa que negligencia o seu autodesenvolvimento pessoal. Não é uma surpresa que será seguido pela infelicidade. Mas a mente consciente do ego pode interpretar mal aquela mensagem e fazer um diagnóstico errado. Além disso, a ajuda profissional pode tentar fazer a pessoa aceitar a sua condição, acreditando que as suas dificuldades descontroladas são causadas por rebelião à autoridade ou algum tipo de comportamento autodestrutivo que está sabotando uma vida segura e protegida. Nossa própria resistência em procurar a causa verdadeira colabora para nos desviarmos.

O que tememos são as consequências de nos comprometermos totalmente com nosso crescimento pessoal. Parece mais fácil permanecer apenas uma criança rebelde. Tudo isso é difícil de corrigir, porque, na verdade, é provável que também haja rebelião imatura e autodestrutividade acontecendo. Mas elas são apenas um efeito e não a causa do problema.

Consequentemente, é fácil ficar confuso sobre o que é sadio e o que não é. A neurose é um sinal de saúde—está nos apontando à saúde—e também é uma doença. É uma mensagem que nos leva a nos sentirmos bem novamente, depois de nos perdermos. Mais uma vez, vemos como a dualidade aparece e precisa ser transcendida.

A partir de uma perspectiva dualista, ou estamos doentes ou estamos saudáveis. Portanto, olhamos para nossas tendências neuróticas como se fossem exclusivamente a doença. Por mais verdadeiro que isso seja, também é igualmente verdadeiro que elas vêm da saúde e nos conduzem em direção a ela. Se pudermos abordar tudo o que pensamos e sentimos com essa perspectiva, isso nos beneficiará muito mais.

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Lidando com a dualidade

A dualidade é a causa de todas as nossas tensões, confusões, sofrimentos e medos. Na dualidade, tudo é dividido ao meio, em duas metades. Uma metade é julgada como boa e desejável, enquanto a outra metade é vista como má e indesejada. Mas essa forma de ver e experienciar o mundo não é correta.

Os opostos não devem ser divididos dessa maneira. Na verdade, somente reconciliando os opostos podemos alcançar o estado de unidade. Para chegar lá, precisaremos transcender a dualidade, o que significa que precisaremos enfrentar e aceitar ambos os lados. Felizmente, ao fazer isso as nossas tensões internas serão acalmadas.

Existem algumas dualidades que nós—como humanos neste plano particular de consciência—fizemos um bom progresso ao transcendê-las. Nós enxergamos a polaridade, mas não consideramos mais um oposto como sendo bom e o outro como ruim. Logo, a partir de uma perspectiva evolutiva, estamos fazendo progresso. Nós existimos em estados anteriores de consciência em que não éramos tão evoluídos.

Por exemplo, podemos olhar para os princípios feminino e masculino. Somente uma pessoa muito perturbada experimentará um como positivo e o outro como negativo. Embora a psique profunda de algumas pessoas ainda possa abrigar obstáculos que precisam ser superados, a pessoa média não vê a divisão como uma representação de opostos. Vemos ambos como bons e belos. Eles têm uma maneira maravilhosa de se complementar, formando uma unidade ou um todo. Ambos contêm aspectos do universo criativo divino.

Aqui está outro exemplo em que, para a mente meio sã, os opostos são transcendidos e vistos como facetas complementares: as forças da atividade e da passividade, que também se relacionam com os princípios de expansão e restrição, ou iniciação e receptividade. Portanto, mesmo nesse estado amplamente dualístico, vemos mais e mais dualidades como mutuamente complementares, em vez de mutuamente exclusivas. Por exemplo, quase todo mundo pode concordar que a noite e o dia têm seu próprio valor, função e charme. Somente em uma pessoa altamente distorcida poderíamos considerar um bom e lutar contra o outro como sendo mau.

Talvez esses exemplos nos ajudem a nos abrirmos para a verdade de que, na realidade, é assim com todos os opostos, mesmo aqueles que achamos difíceis de compreender. Mas, como já vimos, até a suposta oposição entre saúde e doença, na verdade, não representa algo bom e algo ruim. Pois, cada um contém ambos, o bom e o mau.

Para o caso em questão, se permanecemos saudáveis enquanto violamos nossas necessidades espirituais de crescimento pessoal—ter sentimentos de amor e experiências profundas de prazer e união com os outros—e permanecemos saudáveis enquanto nosso ego se isolada e é incapaz de sentir, isso não é bom. Por outro lado, se estamos doentes e consideramos isso como um sintoma que pode nos levar novamente à saúde, isso é bom.

Como tal, não podemos dividir o bem e o mal ao meio. Ambos os lados de qualquer polaridade são bons em seu estado natural e não distorcido. Ambos os lados são ruins quando ocorrem erros e distorções.

Vida e morte

Nós lutamos muito para reconciliar os opostos quando se trata da maior polaridade de todas: vida e morte. Mas, na verdade, não pode ser diferente mesmo aqui. Ambos podem ser bons e ambos podem ser ruins. Quanto mais tivermos sucesso em superar as dualidades menores, melhor seremos capazes de compreender até mesmo esta. Ambos podem ser bons e não precisamos temer ou lutar contra nenhum deles.

Quando começamos a ver que qualquer polaridade, ou dualidade, pode ser unificada, podemos descobrir o significado e a beleza de tudo. Mas até atingirmos esse estágio em nosso próprio desenvolvimento pessoal, não conseguimos deixar de experienciar vários opostos como sendo bons e maus. Na medida que refinamos o nosso desenvolvimento e percepção da nossa própria natureza divina, nessa mesma medida deixaremos de experienciar a vida dessa forma dividida. Somente então, a nossa alma encontrará paz e os movimentos dela nos trará prazer.

A tensão gera desprazer. Ela torna a felicidade ser impossível. Mas enquanto sofrermos com a ilusão de que há coisas contra as quais lutar, a tensão não vai parar. Se acreditarmos que nossa alma está em perigo, as correntes da alma se contraem e se fecham para o bem da vida. E já que estamos rodeados por opostos, acabamos vivendo em um estado de tensão constante, assumindo que somente uma metade seja boa.

A consequência de buscar continuamente o bem é dor e frustração. E, no entanto, isso é tão confuso. Afinal, não estávamos fazendo o que é certo lutando contra o que é ruim e apenas procurando o que é bom? Por que, então, estamos tão infelizes? O que nos deixa tão descontentes? Por que nossa vida é tão vazia e sem alegria?

Geralmente, nossas confusões não são muito conscientes e claras. Se fossem, seria muito mais fácil desafiar a premissa que levou a esse modo distorcido de estar no mundo. Mesmo que as nossas dificuldades sejam uma ilusão, assim como a noção de que o mundo é dividido entre o bom e o mau. Eles certamente parecem reais, dado todo o desconforto que criam.

Deus e o diabo

Estamos sendo preparados por séculos após séculos para enxergar o mundo através das lentes do bom e do mau. É compreensível que agora estejamos perdidos em nossa confusão. Continuamos tentando resolver todos os nossos problemas pessoais com base nisso, mas eles nunca são eliminados. Não conseguimos encontrar soluções verdadeiras que nos tragam paz, pois a base em que nos pautamos é a ilusão e, portanto, é claro que ficamos cada vez mais emaranhados no erro. Uma tensão tremenda prevalece.

Somente com a percepção verdadeira, aceitamos os dois opostos, permitindo que se ajudem mutuamente. Na distorção, eles causam um curto-circuito um ao outro. Ainda assim, na escuridão da nossa confusão precisamos fazer uma escolha. Mas como podemos fazer isso com sucesso? E se as coisas se tornarem muito desequilibradas? Então, uma erupção, como uma crise, pode acontecer. Porém, se a distribuição entre os dois lados for mais equilibrada, todas as correntes de energia serão desativadas. Quando isso acontece, os dois lados opostos se anulam e ambas as opções parecem ruins.

A partir daqui, entramos em um estado de dormência. Nós amortecemos nossos sentimentos e ficamos sem vida. Sempre podemos apontar o medo dos sentimentos como a causa subjacente do nosso estado de morte, mas, realmente, esse medo não está baseado precisamente em uma luta dualista? Estamos lutando contra as forças polares em nossa vida interior.

Talvez possamos compreender isso melhor ao observarmos as correntes básicas positivas e negativas em nossa alma. A corrente positiva é o princípio que afirma a vida. Ela se expande, abre, abraça e recebe vida. A corrente negativa representa o princípio que nega a vida. Ela retrai, nega e se encolhe dentro dela mesma. Geralmente presumimos—talvez até temos uma convicção profunda—que somente a corrente positiva é boa, enquanto a corrente negativa é doentia e ruim e, portanto, indesejável.

A própria religião promoveu essa divisão, tornando Deus bom e o Diabo mau. Isso é, na melhor das hipóteses, uma meia verdade. Aceitar cegamente isso é trazer confusão e dor incalculáveis para nós mesmos. Pois, no momento em que acreditarmos nisso, já estamos envolvidos em um erro. E todo erro pode levar apenas a mais erro e má interpretação da vida. Eventualmente, ficamos incrivelmente perdidos neste labirinto.

Vamos tentar demonstrar isso da maneira mais simples possível. Não é verdade que é indesejável dizer sim para ser destrutivo e dizer não para algo positivo? Se nos convencermos de que é sempre bom dizer sim, quando dissermos não teremos dores de dúvida, hesitação, incerteza e culpa. Isso acontecerá mesmo que seja da nossa melhor intenção dizer não.

Essas dores podem ser bastante sutis e são filtradas pela nossa mente inconsciente ou semiconsciente. O próximo elo nesta reação em cadeia é que teremos problemas para nos afirmarmos. Teremos dificuldade em reivindicar os nossos próprios direitos e será difícil expressar agressões saudáveis.

Uma pessoa assim sempre se sentirá obrigada a se submeter. Eles nunca podem dizer não para nenhuma demanda, não importa o quanto forem explorados. Esta não é a bondade verdadeira.

A bondade verdadeira se baseia em dar amor livremente com um espírito generoso que deseja doar. Em vez disso, existe um medo sutil de que não podemos reivindicar nada de bom para nós mesmos. Essa é uma falta de liberdade que reduz nossa capacidade de amar. Abaixo da superfície, há uma sensação maior de separação e egoísmo, e ambos são destrutivos.

Portanto, mesmo com a suposta noção do bom contra o mau, das correntes positivas e negativas, as coisas não são tão preto e branco. Nunca é um contra o outro. Estaríamos completamente errados se decidíssemos adotar o princípio positivo e desistir da corrente negativa em todas as situações.

Do ponto de vista do ego, o qual apenas pode ver em preto e branco, essa visão dualista do mundo leva ao erro, à confusão, ao sofrimento e à tensão. Nenhuma dessas coisas leva a soluções verdadeiras. A única forma de aliviar a tensão é procurar o bem em ambos os lados de todos os opostos. Só isso leva à verdade, à saúde e à expansão de consciência.

Todos os ensinamentos do Guia são baseados neste tema. Quanto mais avançamos em nosso caminho espiritual, viajando cada vez mais profundo para dentro de nós mesmos, precisamos continuar nos reorientando gradualmente para nos alinharmos com o princípio de unidade. Primeiro, isso se aplica ao nosso processo de pensamento; depois podemos aplicá-lo às nossas reações emocionais e sutis. Lentamente, as nossas percepções mudarão.

Com o passar do tempo, chegaremos ao ponto em que podemos abraçar os opostos com facilidade. Veremos como ambos os lados podem ser verdadeiros e ambos podem ser distorcidos. Cada vez mais, seremos capazes de reconhecer qual é qual. Seremos capazes de sentir, ao invés de julgar, a diferença.

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Esperançosamente, podemos distinguir entre o egoísmo saudável e o tipo destrutivo. Tente evitar a armadilha de fingir que um é realmente o outro.
Esperançosamente, podemos distinguir entre o egoísmo saudável e o tipo destrutivo. Tente evitar a armadilha de fingir que um é realmente o outro.

O egoísmo

Vamos voltar agora ao tópico do egoísmo, que é extremamente importante para todos porque se aplica a todas as psiques humanas. Como resultado, ele aparece na vida de todas as pessoas. É um assunto complicado, pois pode facilmente ser mal interpretado por pessoas infantis e egocêntricas. Pois eles querem proclamar suas vidas separadas e o egoísmo destrutivo é um sinal de auto-afirmação e saúde.

Felizmente, se lemos até aqui, já progredimos o suficiente em nosso autodesenvolvimento para poder distinguir entre o egoísmo saudável e o destrutivo. Tente evitar a armadilha de fingir que um na verdade é o outro. Se ficarmos fora dessa armadilha, poderemos encontrar uma grande libertação nessas palavras.

De modo geral, as pessoas aceitam universalmente que é errado ser egoísta—é ruim e indesejável—enquanto todo e qualquer tipo de altruísmo é bom e correto e, portanto, deve ser louvado. Raramente fazemos a distinção de que alguns tipos de egoísmos são certos e intrinsecamente saudáveis. Esses tipos guardam o nosso direito intransferível de ser feliz e protegem nossa capacidade de prosperar e crescer.

Ao mesmo tempo, raramente percebemos que ser altruísta tem o potencial de ser autodestrutivo, explorando os outros com o modo que nos escravizamos. Quando fazemos isso, não estamos genuinamente preocupados com os direitos dos outros. Pois somente quando podemos ser egoístas de maneira saudável, somos capazes de ter uma preocupação genuína pelos direitos dos outros.

A origem de ser egoísta é, na verdade, saudável. Ela diz: “Eu sou importante. Eu sou um aspecto de Deus, e como tal, em meu estado saudável e livre, eu sou feliz. Pois apenas uma pessoa feliz pode espalhar felicidade. Apenas uma pessoa que está crescendo de acordo com seu potencial e seu plano de vida é feliz. Então, ser feliz e cumprir meu destino é a mesma coisa. Eu não posso ter um sem o outro.

“Eu sou responsável pela minha própria vida e a forma que ela assume. Ninguém pode determinar meu crescimento por mim, então ninguém mais é responsável pela minha felicidade. Não vou fingir que sou bondoso para poder “comprá-los” e sutilmente atribuir minha própria responsabilidade a eles. Não vou desistir dos meu direitos, escravizando-me e fingindo que sou altruísta.”

É importante que compreendamos isso o mais profundamente possível. Não é possível assimilar muito. Medite sobre essas palavras. Precisamos procurar as maneiras que nos afastam involuntariamente dessas atitudes. Pois, quanto mais vivemos de um modo autorresponsável e sadio, mais seguros nos sentiremos. Porque segurança é o que nós sentimos quando estamos ancorados em nós mesmos. Quando estamos na verdade, o núcleo divino pode germinar dentro de nós e suas raízes se tornam nossa âncora.

Quando nosso egoísmo é falso, perdemos nosso centro. Então, ancoramo-nos em outra pessoa por quem nos sacrificamos. Esse tipo de sacrifício não é feito com amor genuíno. Não há doação gratuita e espontânea acontecendo. Na verdade, quando há amor genuíno presente, a ideia de sacrifício não existe. E assim, o ato de dar é tão prazeroso, é egoísta como também é altruísta. Ser altruísta é egoísta e vice-versa.

Em comparação, existe uma negociação interna acontecendo no altruísmo de sacrifício. Há um excesso de sensibilidade no exterior e um desejo secreto interno de se dar bem. Mas essa bondade é sem amor e não nos ajuda de forma alguma a crescer.

Quando ancoramos nossa segurança na aprovação dos outros, ao invés de em nosso Eu Real, contamos com isso nos trazendo respeito próprio e felicidade. Mas não podemos entender as mensagens que nossa alma está enviando. Estamos desconectados de nosso centro vital, então nos debatemos, oscilando entre alternativas contraditórias. Ficamos confusos sobre o que é certo e o que é errado, para nós mesmos e para as pessoas em nossas vidas.

Nesse modo de ser descentralizado, seguimos um caminho em que ser altruísta é associado à infelicidade, que está associado com ser bom. E isso é apenas o começo. Esse erro vai ficando pior, ganhando velocidade à medida que avança. Muitas reações em cadeia ocorrem e elas são conectadas a emoções destrutivas. Aqui estão apenas alguns dos nossos erros: enganamo-nos sobre o que significa “ser bom”. Confundimos dependência com preocupação pela pessoa que somos dependentes. Nossa impotência e falsa humildade se transformam em raiva, ódio e rebelião. Quanto mais nos esforçarmos para manter esses sentimentos cobertos—para não atrapalhar o castelo de cartas que construímos—maior será a diferença entre as emoções superficiais e aquelas que ardem no subsolo.

Quanto mais assumimos um altruísmo exterior que é falso, mais a agressividade gerada cria um egoísmo oculto que é totalmente destrutivo. Agora, emocionalmente, não nos importamos nem um pouco com as pessoas que gostaríamos de tirar de seu caminho e de todos os seus direitos. Os outros não têm realidade para nós, pois nós mesmos não damos realidade para nós mesmos.

De onde vem nosso desejo secreto de ser egoísta? Vem do nosso medo e da nossa culpa—eles formam uma obstrução dentro de nós que parece ser invencível—causados pela grande diferença entre a imagem exterior e o que está acontecendo por dentro.

Se não soubermos ser egoístas de uma maneira adequada e saudável, não teremos uma percepção de nós mesmos na realidade. E então, a vida se torna um jogo para ver quem pode atravessar com mais facilidade, ganhando o máximo enquanto faz o menor investimento possível. Pois, se não nos levarmos a sério, se não considerarmos o nosso crescimento e felicidade, como podemos considerar as outras pessoas como reais? E se os outros não são reais para nós, como podemos nos importar com eles e seu verdadeiro ser?

Quando estamos perdidos na ilusão de que é sempre ruim ser egoísta e sempre bom ser altruísta, a dualidade e o erro ficam descontrolados. Inevitavelmente, haverá conflito entre o que é melhor para nós e o que é melhor para os outros. E isso irá parecer, de fato, um conflito real. Mas, nesse nível de incertezas, é mesmo um conflito.

Mas, uma vez que transcendemos a dualidade, esses conflitos desaparecem. Pois o que é bom para o nosso Eu Real deve—absolutamente e inevitavelmente—ser bom para o Eu Real da outra pessoa. A felicidade e o crescimento finais serão para todos. No reino da verdade universal, que se encontrada nas profundezas da realidade interior, nunca pode haver qualquer conflito entre o que é bom para as pessoas. Os conflitos apenas existem quando impomos falsidade, egoísmo destrutivo e exigências que exploram outras pessoas. E somente as coisas que bloqueiam o desenvolvimento da verdade e da felicidade ficam em nosso caminho.

Quando a dualidade considera o egoísmo de uma maneira que o torna destrutivo, causando destruição do crescimento, até parece correto se sentir feliz. Para aquele que se sacrifica, isso gera uma humildade falsa e, portanto, um orgulho falso. Aquele que aceita o sacrifício se torna um explorador, embora ele o faça com o disfarce de estar correto. Mas, nem aquele que se sacrifica falsamente e nem aquele que aceita e explora estão se ajudando para a revelação da verdade e da beleza.

Mesmo que, superficialmente, pareça ser uma situação correta, ela realmente pode ser? O que está acontecendo na psique das pessoas envolvidas? Aquele que aceita o sacrifício deve sentir muita culpa. Mas ele não se permite olhar para ela, pois essa estrutura frágil que foi construída pode entrar em colapso. E eles não querem ficar sem ela. Como já mencionamos, a raiva e a rebelião começam a ferver na pessoa que se sacrifica, encoberta por uma sensação falsa de bondade e uma sensação na psique de que é uma vítima.

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Por que precisamos de coragem

Quando reconciliamos a polaridade entre egoísmo e altruísmo, aceitamos a nós mesmos como o centro da existência. Não fazemos isso considerando que somos mais importante do que qualquer outra pessoa, mas sabendo que nosso ego é responsável por nossa vida. É o veículo, o capitão que determina qual caminho devemos seguir.

Apenas, então, podemos compreender que somos um com os outros interiormente. Teremos a experiência e a percepção de que nosso interesse próprio nunca interfere no interesse de outra pessoa, não onde realmente conta, nos níveis mais profundos. Mas nosso interesse próprio saudável quase sempre interfere nos interesses egoístas de outra pessoa. É por essa razão que sempre há a necessidade de muita coragem e muito esforço para seguir nosso verdadeiro interesse próprio.

Ironicamente, estamos cercados por um mundo que luta exatamente contra isso, enganando-se ao afirmar que quando seguimos o nosso interesse próprio verdadeiro estamos sendo egocêntricos e egoístas destrutivos. É por isso que precisamos ser fortes o suficiente para enfrentar a desaprovação do mundo quando decidimos seguir nosso próprio caminho espiritual. Se estivermos realmente seguindo nosso próprio caminho espiritual, só poderá trazer felicidade. Mas como o mundo está preparado a acreditar que qualquer coisa feliz deve ser egoísta e errada, vamos precisar de uma dose de independência para não sermos influenciados por isso, ou nos sentirmos falsamente culpados ao fazer algo que não merece culpa nenhuma.

É claro que a felicidade extasiante não será a primeira coisa que vamos vivenciar. Sinto muito dizer, mas precisaremos vencer alguns obstáculos e resistências antes de sentirmos que trilhar um caminho de crescimento não é trabalhoso e nem infeliz. E, aliás, pode realmente ser a experiência mais feliz que se possa imaginar. Porém, antes que essa verdade possa se revelar para nós, precisaremos eliminar todos os nossos enganos.

Se compreendermos isso e estivermos prontos para prosseguir daqui, fazendo o trabalho de autodescoberta, estaremos prestes a experienciar um novo e maravilhoso despertar. Podemos começar perguntando: “O que me deixa mais feliz?” Se formos investigar profundamente para responder essa questão, descobriremos que o que nos faz realmente felizes deve ser construtivo e trazer crescimento. Seja o que for, nos conectará mais com a vida e, portanto, também com Deus.

Além disso, se continuarmos com nossa investigação, sem hesitação, descobriremos que o que é de nosso melhor interesse, não pode ir contra o interesse verdadeiro de ninguém. Na realidade, ele auxilia o desenvolvimento das pessoas cujos interesses egoístas e doentios afetam nosso self dependente e medroso. Essa é a parte de nós que não quer se responsabilizar. Também é possível que o que for melhor para nós vá contra o interesse da estagnação para nós e para os outros.

Quando olharmos isso claramente e sem sentimentalismo, encontraremos a coragem de ser quem realmente somos. Ela virá da nossa visão verdadeira. As falsidades desaparecerão e com isso, muito sofrimento e tensão vão se dissipar. O núcleo central em sua simplicidade é tudo que irá permanecer. Ele é a semente do crescimento e do desenvolvimento da alma. Ele contém os frutos da felicidade, prazer e estimulação vibrante, os quais compõe a bondade do mundo de Deus. É uma distorção do mundo de Deus fazer algo ser louvável, quando não auxilia a evolução da alma.

“Sejam todos abençoados, meus amigos, estejam profundamente na verdade do seu ser divino. Permitam-se tornar cada vez mais o que vocês realmente são—Deus.”

– Guia Pathwork

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